
Começava a se delinear as personalidades de cada uma. Raquel era meio mãezona, dividíamos tudo. Trocávamos as provas, assinávamos o nome no final e caso a professora passasse para olhar nunca saberia que tínhamos trocado.
Eu sempre achei ótimo ter uma irmã gêmea, nunca consegui me imaginar de outro jeito. Adorava a cara de surpresa das pessoas quando dizíamos que éramos gêmeas. Enchia-me de orgulho por ser "diferente" dos demais. Com certeza, ela era minha melhor amiga e brigávamos muito pouco.
O ponto negativo é que as pessoas sempre achavam que por sermos gêmeas deveríamos agir e pensar da mesma maneira. Nascemos juntas, mas temos personalidades diferentes.

Tive que me segurar, tentar acalmá-la, mas quando desliguei o telefone, desabei. Ela enfrentou duas cirurgias: uma para retirada do útero, ovários e de três tumores no fígado (metástase) e uma outra para retirada de mais um tumor no intestino. Foram três anos lutando e enfrentando a dor e as consequências das quimioterapias. Senti medo, tristeza e impotência – porque via minha irmã sofrer e nada podia fazer.
Eu tentei do meu jeito estar presente, dar conforto a ela, mas fui mal julgada. A família achava que eu precisava estar lá o tempo todo, mas nem sempre isso era possível. E houve momentos em que eu simplesmente não sabia o que fazer com a minha dor, com a minha falta de estrutura para enfrentar tudo aquilo.

Em Fevereiro de 2008, Raquel faleceu aos 36 anos, deixando dois filhos com 11 e 13 anos. Dizer adeus não foi fácil, mesmo sabendo que o sofrimento dela havia acabado.
Porém isso serviu de consolo, saber que ela enfim estava livre de tanta dor. Tenho grandes amigas, mas nenhuma delas é como a minha irmã. Para sempre vou carregar no meu peito a saudade dela, me sinto orfã de irmã"
Daniela Santos e Raquel Santos Coelho eram gêmeas bivitelinas. Daniela mora no Rio de Janeiro, mas brevemente se casará e mudará para o Noruega.
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