”Nossa infância foi tranquila, cheia de brincadeiras, cantigas de roda ensinadas pela minha avó. Estávamos sempre juntas. Até os oito anos de idade minha mãe nos vestia iguais. Depois minha irmã disse à minha mãe que não queria mais se vestir igual a mim e aí passamos a usar roupas um pouco diferentes.
Começava a se delinear as personalidades de cada uma. Raquel era meio mãezona, dividíamos tudo. Trocávamos as provas, assinávamos o nome no final e caso a professora passasse para olhar nunca saberia que tínhamos trocado.
Eu sempre achei ótimo ter uma irmã gêmea, nunca consegui me imaginar de outro jeito. Adorava a cara de surpresa das pessoas quando dizíamos que éramos gêmeas. Enchia-me de orgulho por ser "diferente" dos demais. Com certeza, ela era minha melhor amiga e brigávamos muito pouco.
O ponto negativo é que as pessoas sempre achavam que por sermos gêmeas deveríamos agir e pensar da mesma maneira. Nascemos juntas, mas temos personalidades diferentes.
Começava a se delinear as personalidades de cada uma. Raquel era meio mãezona, dividíamos tudo. Trocávamos as provas, assinávamos o nome no final e caso a professora passasse para olhar nunca saberia que tínhamos trocado.
Eu sempre achei ótimo ter uma irmã gêmea, nunca consegui me imaginar de outro jeito. Adorava a cara de surpresa das pessoas quando dizíamos que éramos gêmeas. Enchia-me de orgulho por ser "diferente" dos demais. Com certeza, ela era minha melhor amiga e brigávamos muito pouco.
O ponto negativo é que as pessoas sempre achavam que por sermos gêmeas deveríamos agir e pensar da mesma maneira. Nascemos juntas, mas temos personalidades diferentes.
Na vida adulta isso ficou bem claro e as cobranças se tornaram muito chatas. Raquel e eu sempre fomos muito unidas, companheiras. Tínhamos nossos segredos, nossos códigos e confiávamos plenamente uma na outra. Sem falar naquela ligação especial que todo gêmeo tem, uma intuição mais forte - digamos assim. Infelizmente, Raquel descobriu um câncer no ovário aos 33 anos e isso foi um baque. Ela me ligou assim que voltou do médico chorando para dizer que ia morrer.
Tive que me segurar, tentar acalmá-la, mas quando desliguei o telefone, desabei. Ela enfrentou duas cirurgias: uma para retirada do útero, ovários e de três tumores no fígado (metástase) e uma outra para retirada de mais um tumor no intestino. Foram três anos lutando e enfrentando a dor e as consequências das quimioterapias. Senti medo, tristeza e impotência – porque via minha irmã sofrer e nada podia fazer.
Eu tentei do meu jeito estar presente, dar conforto a ela, mas fui mal julgada. A família achava que eu precisava estar lá o tempo todo, mas nem sempre isso era possível. E houve momentos em que eu simplesmente não sabia o que fazer com a minha dor, com a minha falta de estrutura para enfrentar tudo aquilo.
Tive que me segurar, tentar acalmá-la, mas quando desliguei o telefone, desabei. Ela enfrentou duas cirurgias: uma para retirada do útero, ovários e de três tumores no fígado (metástase) e uma outra para retirada de mais um tumor no intestino. Foram três anos lutando e enfrentando a dor e as consequências das quimioterapias. Senti medo, tristeza e impotência – porque via minha irmã sofrer e nada podia fazer.
Eu tentei do meu jeito estar presente, dar conforto a ela, mas fui mal julgada. A família achava que eu precisava estar lá o tempo todo, mas nem sempre isso era possível. E houve momentos em que eu simplesmente não sabia o que fazer com a minha dor, com a minha falta de estrutura para enfrentar tudo aquilo.
Nas duas últimas semanas (ela já no hospital em estado terminal) eu, meu cunhado e as demais pessoas próximas - revezávamos para ficar ao lado dela.
Em Fevereiro de 2008, Raquel faleceu aos 36 anos, deixando dois filhos com 11 e 13 anos. Dizer adeus não foi fácil, mesmo sabendo que o sofrimento dela havia acabado.
Porém isso serviu de consolo, saber que ela enfim estava livre de tanta dor. Tenho grandes amigas, mas nenhuma delas é como a minha irmã. Para sempre vou carregar no meu peito a saudade dela, me sinto orfã de irmã"
Em Fevereiro de 2008, Raquel faleceu aos 36 anos, deixando dois filhos com 11 e 13 anos. Dizer adeus não foi fácil, mesmo sabendo que o sofrimento dela havia acabado.
Porém isso serviu de consolo, saber que ela enfim estava livre de tanta dor. Tenho grandes amigas, mas nenhuma delas é como a minha irmã. Para sempre vou carregar no meu peito a saudade dela, me sinto orfã de irmã"
Daniela Santos e Raquel Santos Coelho eram gêmeas bivitelinas. Daniela mora no Rio de Janeiro, mas brevemente se casará e mudará para o Noruega.
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