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segunda-feira, agosto 09, 2010

Rejeição

Aos 38 anos (em 1969) conceber gêmeos naturalmente, não deve ter sido fácil para mamãe. Ela levou um grande susto. Tínhamos uma vida simples. Uma das enfermeiras chegou a questionar papai sobre me entregar para adoção. Mamãe ficou uma fera quando soube, mas não julgo a abordagem da enfermeira. A situação era delicada mesmo.

Ninguém acreditava que eu sobreviveria. De acordo o programa "Vida no Ventre" do canal National Geographic, "bebês que nascem com menos de UM quilo, tem menos de 40% de chance de sobreviver". Portanto, sou uma gêmea sobrevivente, pois nasci com apenas 890 gramas.

Também senti rejeição na escola. Esforçava-me pra tirar boas notas, mas cresci ouvindo que minha irmã era mais bonita, mais inteligente, sociável, articulada, simpática.

Por conta disso, quase acreditei nessa bobagem. É verdade que minha irmã gêmea era linda, uma morena de cabelos negros que gostava de estar sempre bem arrumada. Eu era desengonçada, magricela, dentuça e não gostava de pentear os cabelos. Mas, nunca me senti menos amada.

Só achava que as pessoas precisavam de um pouco mais de tempo para me 'enxergar'. Tornamos-nos pessoas interessantes, cada qual com suas características, estilo e beleza. A síndrome do 'patinho feio' até que tentou se instalar, mas caiu do cavalo. Fui abençoada com a singularidade.

Jemima Pompeu

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