Mar preside uma organização que faz campanha na Justiça pelo esclarecimento do suposto desaparecimento de milhares de bebês na Espanha. Ela contou que sua irmã desapareceu em 1964, após o parto, na clínica O'Donnell, em Madri. “Disseram aos meus pais que minha irmã tinha morrido de otite (inflamação no ouvido). Quem morre de otite? Não permitiram que visse o corpo, disseram que já havia sido enterrado em uma vala comum”.
A história ficou guardada na sua memória até 1997, quando, em uma cidadezinha nos Alpes alemães, foi abordada por um desconhecido. "Fui fazer uma conferência. Ele começou a falar comigo em alemão e eu não o entendia. A tradutora me explicou que ele estava certo de que eu era de uma família que ele conhecia. Ele insistiu, deu detalhes e, de repente, pensei que deveria se tratar de minha irmã", conta Mar. Mais tarde, Mar tentou contatar o homem que a abordara na Alemanha, mas sem sucesso.
Após esse episódio, ela se deparou com vários casos como o seu. Aos poucos, foi formada a Plataforma de Crianças Roubadas, da qual Mar é porta-voz. "Criamos a Plataforma e apresentamos os casos à Audiência Nacional para investigação, mas não ligam para nós, querem que esqueçamos. O Estado teria de investigar esse tema e não deixar as buscas a cargo das famílias", disse ela.
Franco comandou regime ditatorial na Espanha de 1939 a 1973 . Ainda no início do franquismo foram montados os esquemas em clínicas e hospitais de redes que roubavam e logo vendiam as crianças. Beatriz, a irmã de Mar, teria desaparecido desta forma. Mar Soriano não perde a esperança: "Sempre sonho com nosso encontro, em podermos ser amigas, apesar desta coisa terrível que aconteceu conosco". BBC Brasil
(Foto Ilustrativa / Fonte: Estadão)
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