Caso raro de trigêmeos entre ianomâmis mobilizou aldeia na Amazônia:O nascimento de trigêmeos na aldeia ianomâmi de Ariabú, em Maturacá, no Amazonas em junho de 2009, foi motivo de apreensão entre os profissionais da Fundação Nacional de Saúde, responsáveis pela saúde dos índios da região.
Crianças gêmeas concebidas por índias dessa etnia costumam ser vistas como fonte de azar para a aldeia, de acordo com a tradição ianomâmi. Para eles, os gêmeos têm a 'alma partida', e representam o bem e o mal. Como não dá para saber qual criança representa o mal, ambas são sacrificadas por abandono.
No caso dos trigêmeos, o desfecho foi diferente. Na aldeia de Ariabú, o tabu do sacrifício de crianças de 'alma partida' parece ter sido quebrado. O próprio pai insistiu em ficar com os bebês. E toda a comunidade se dispôs a ajudar o casal na criação das meninas, que foram concebidas naturalmente e nasceram de cesariana no Hospital de Guarnição, em São Gabriel da Cachoeira.
Além da ajuda da comunidade, a Funasa também mandou uma técnica em enfermagem para a aldeia. Se as meninas tivessem nascido entre os ianomâmi de Roraima, por exemplo, dificilmente teríamos conseguido atendê-las. Lá as tradições são preservadas. Mas as tribos do Amazonas são diferentes. Danila, a mãe das trigêmeas, até rejeitou uma menina que estava mais fraquinha, mas o pai insistiu que queria a criança. Graças a Deus, uma história com um final feliz!
Por Fabiana Parajara / O Globo
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