Minha mãe nem imaginava que estava esperando gêmeas, pois sua barriga apresentou um tamanho normal durante os nove meses de gestação. Nosso parto aconteceu em casa com a ajuda de uma parteira e o susto foi grande. Meu pai queria muito que fosse um menino e, quando soube que eram duas meninas, desmaiou.
Éramos bem magrinhas, minha irmã pesava 2,1 kg e eu, 1,7 kg. Nem sei como consegui sobreviver! As roupinhas do enxoval ficaram tão grandes, que foi preciso organizar um mutirão com as costureiras da família, para que elas confeccionassem dois novos enxovais em uma semana.
Apesar de iguais na aparência física, eu e minha irmã tínhamos personalidades bem diferentes. A Lena era a tempestade e eu, a calmaria. Ela foi uma criança bem arteira e, muitas vezes, eu levei a culpa de suas travessuras. Acredito que esse tenha sido um ponto negativo de ser gêmea. (rs)
Na escola primária, nos colocavam em todas as apresentações teatrais, pois achavam bonitinho ver as gêmeas, lado a lado, no palco. Aos onze anos, fomos estudar numa outra escola, onde havia mais algumas crianças gêmeas e, assim, deixamos de ser a atração principal dos eventos.
Uma curiosidade é que tivemos a nossa primeira menstruação no mesmo dia, com apenas 10 anos. Nunca fiquei sabendo de outro caso assim.
Quando tínhamos dezesseis anos, comecei a paquerar um rapaz, que acabou se tornando meu namorado. Ele não sabia que éramos gêmeas e paquerava as duas ao mesmo tempo. No dia em que resolveu “pedir para namorar”, ele veio falar comigo. Quando eu o apresentei para minha irmã, os dois riam sem parar e só depois fui entender o motivo.
Em 1975, no último ano do colegial, minha irmã adoeceu. A princípio, acharam que ela estivesse com leucemia, mas depois descobriram que ela tinha uma doença chamada Lupus.
Graças aos cuidados da minha mãe, minha irmã viveu bem por muitos anos, até que uma depressão, seguida de uma pneumonia, acabou causando o seu falecimento. Guardo comigo a lembrança de todos os momentos que passamos juntas e também a certeza de que a nossa história ainda não chegou ao fim.
Atualmente, moro em Minas Gerais, sou casada e tenho uma filha de 31 anos. Agradeço a Jemima o convite para escrever este relato e desejo felicidades para todos" @luciamarangon
Juiz de Fora / MG
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