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terça-feira, agosto 30, 2011

"Confissões de uma gêmea obsessiva"

(As quíntuplas idênticas nascidas em 1934, Ontário / Canadá)

"Sempre gostei muito de animais e vivia pesquisando sobre eles em livrarias. Então, quando eu tinha uns 9 anos de idade, meus pais me matricularam no acampamento de verão Lincoln Park Zoo, em Chicago. Percebi que eles queriam satisfazer meu desejo de estar mais perto dos animais. De certa forma, eles estavam certos, porque foi neste acampamento que eu encontrei meu irmão gêmeo. Ou pelo menos pensei que fosse.

Gordon, como eu, era um menino desconexo e achei que pudessemos ser amigos. Até que um dia, por acaso, um conselheiro comentou que pareciamos irmãos. A partir de então, tive a convicção de que haviamos dividido o útero. Amputados, muitas vezes falam de uma dor fantasma no braço ou na perna que não existe mais. Da mesma forma, os gêmeos separados no nascimento e mais tarde reunidos às vezes relatam ter tido a sensação de que algo estava faltando.

No acampamento eu me tornei a sombra de Gordon, examinando tudo o que ele fazia, em busca de gestos, posturas, predileções que me fez lembrar de mim mesmo. Contei tudo isso à minha mãe. Ela confirmou que eu tinha um irmão gêmeo e que ele havia sido doado (mas não era o Gordon). Juntos, choramos muito. Eu estava inconsolável. Mamãe então, mostrou as fotos do nosso nascimento. Saber que era gêmea, esclareceu minha infância solitária e incompreendida: Eu vinha sofrendo a dor da síndrome do gêmeo fantasma. Por que eu, tão desesperadamente pensava em ter um irmão gêmeo?

Segundo a Dra Nancy Segal, professora de psicologia e diretora do Centro de Estudos de Gêmeos na California, minha obsessão era compreensível. Um irmão gêmeo justificaria minha existência e reforçaria traços da minha personalidade. Fiquei absolutamente fascinada pelo assunto.

Até comprei a autobiografia das quíntuplas nascidas em 1934, no Canadá. Fiquei encantada com o nascimento delas. Elas foram o foco da imprensa internacional na época. As irmãs Dionne foram levadas sob custódia pelo governo canadense e colocadas em exposição em um parque temático chamado Quintland, que se tornou uma grande atração turística. Elas sofreram nas mãos do governo e quando completaram nove anos, seus pais recuperaram a custódia.

Fiquei cada vez mais interessada em nascimentos de múltiplos. Não poderia justificar minha obsessão. Não queria ficar louca pelas irmãs Dionne, eu queria ser elas. Mergulhei no universo gemelar. Recortei artigos de jornais e revistas, anúncios de nascimentos, histórias interessantes sobre pais de gêmeos e guardei tudo em uma pasta. Eu já não pesquisava mais sobre animais, meu fascinio eram os gêmeos. Eu estava atraída pelo mundo dos múltiplos.

As irmãs Dionne encantou um bom nº de editores (e leitores, como eu), mas foi em novembro de 1997 que o frenesi da mídia sobre múltiplos realmente começou. Bobbi McCaughey, uma costureira em Carlisle / Iowa, deu à luz a sextuplos. Os Estados Unidos estava obcecado com os múltiplos, e meu hobby estranho já não era tão único. Eu tinha apenas 14 anos quando os gêmeos McCaugheys nasceram. Eu já não queria mais um irmão gêmeo, eu queria um namorado. Minha obsessão diminuiu, do país não.


(Nadya Suleman, conhecida como Octomom)
Há um número crescente de múltiplos, maior cobertura da imprensa, reality-shows com gêmeos etc. Mas a que custo? É especialmente difícil ver Nadya Suleman, vulgarmente conhecida como Octomom, com sua tentativa perversa e deliberada de ter oito filhos, e ninguém questiona sobre o sistema de recompensas e expectativas que incentiva tal comportamento" (autora não revelada) Postado por Julia Felsenthal / Slate

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