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quinta-feira, setembro 08, 2011

"Destruição Assistida" Por Cristiane Segatto

(Foto Ilustrativa / Obra de Rischelle Brooks)

Cresce o número de americanas grávidas de gêmeos que decidem – dentro da lei – abortar um dos fetos. O que pensar disso? – Por Cristiane Segatto

Algumas coisas são tão radicais e definitivas que jamais ocorrem pela metade. Não existe meia morte, assim como não existe meio nascimento. Na natureza é assim. Quando o homem intervém sobre ela, a história muda. É o que demonstra a mais nova polêmica suscitada pelas técnicas de reprodução assistida: o meio aborto. Mulheres que se submetem aos tratamentos e engravidam de gêmeos, decidem eliminar um dos embriões.

O fenômeno detectado nos Estados Unidos vem provocando desconforto até mesmo entre os mais ferrenhos defensores do direito à interrupção da gravidez. A prática existe desde os anos 1980, conforme reportagem publicada no início de agosto pela revista do jornal The New York Times. Nos últimos anos, porém, ela se tornou mais difundida.

Nenhuma instituição coleta estatística gerais sobre o fenômeno, mas a experiência do Centro Médico Mount Sinai, de Nova York, serve de amostra. Nos Estados Unidos, ele é um dos que mais realizam reduções embrionárias. Em 1997, 15% dos procedimentos desse tipo foram realizados em grávidas de gêmeos que pretendiam ter apenas um filho. No ano passado, o índice subiu para 38%.

Por julgar que a situação é embaraçosa e eticamente complicada, as mulheres entrevistadas pelo jornal, escolheram o anonimato. Umas delas engravidou de gêmeos aos 45 anos, depois de seis anos de tentativas e gastos com a clínica de fertilização. Após vários insucessos, não esperava que os dois embriões sobrevivessem. Então optou por eliminar um deles.

"Se eu tivesse concebido os gêmeos naturalmente, não faria a redução embrionária. Sentiria que existe uma ordem natural que não pode ser desrespeitada. Mas geramos esses embriões de uma forma tão artificial que decidir quantos deles gestar, me parece apenas mais uma escolha" disse ela.

A redução embrionária é feita na 12ª semana de gestação. Quando os embriões parecem saudáveis, a escolha é aleatória. Com a ajuda do ultrassom, o médico localiza o embrião de mais fácil acesso e injeta cloreto de potássio na região que parece pulsar. O objetivo é atingir o coração. A morte é instantânea.

"Esse negócio de eliminar um dos gêmeos é uma coisa muito americana. Sou totalmente contra isso. Não conheço uma única grávida de gêmeos que tenha pedido isso. E se o médico fizer, estará cometendo crime de aborto", diz Edson Borges Junior, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.

O meio aborto é pior que o aborto? Parece ser essa a sensação geral. Blogs e sites que defendem a liberdade de escolha nos Estados Unidos expressaram preocupação. É preciso lembrar que a intervenção humana sobre a natureza tem limites. Ou deveria ter. (O tema é polêmico, mas vale uma reflexão. A matéria completa está na Revista Época)

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