A infertilidade é o resultado de uma falência orgânica devida à disfunção dos órgãos reprodutores dos gametas. É diferente de esterilidade. Um casal é infértil quando não alcança a gravidez desejada ao fim de um ano de vida sexual contínua sem métodos contraceptivos. Segundo a OMS* 15% dos casais sofrem com a infertilidade. No Brasil, a estimativa é que 278.000 tenham dificuldades para gerar. Entretanto, se diagnosticado a tempo, o problema pode ser contornado. O especialista Renato Fraietta, do setor de reprodução da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica por que a infertilidade acomete casais e como combatê-la.Quais as causas da infertilidade? Em 30% dos casos, a mulher apresenta problemas de ovulação, distúrbios nas trompas e endometriose. Entre os homens, os principais causadores da infertilidade são: varicocele e criptorquidia.
Tomar anticoncepcional por muito tempo pode deixar a mulher infértil?
Não. Uma mulher pode tomar anticoncepcional ininterruptamente por dez anos ou mais e não terá sua fertilidade prejudicada. O que de fato ocorre é que, mesmo após a suspensão do uso prolongado, o ciclo menstrual pode levar alguns meses até ser completamente regulado.
Há como reverter a infertilidade antes de partir para a fertilização artificial?
Antes de recorrer ao tratamento é preciso combater os fatores que contribuem para a diminuição da fertilidade. A obesidade, o uso excessivo de drogas e o hábito de fumar. Quanto à laqueadura ou vasectomia, ambos podem ser revertidos com procedimentos cirúrgicos.
Qual a diferença entre a fertilização "in vivo" e "in vitro"?
A fertilização "in vivo" acontece dentro do corpo da mulher, causando uma gravidez chamada “natural”. Também se dá através da fertilização artificial intra-uterina, em que o processo é acelerado através de uma seringa, dentro do útero. Para isso, a mulher tem de tomar hormônios para induzir a ovulação. A fertilização "in vitro" é a inseminação artificial clássica. O médico coloca milhares de espermatozóides ao redor do óvulo. O mais capacitado o fertiliza. O embrião fica por três dias no laboratório em um ambiente que imita o corpo da mulher. Depois é transferido para o útero materno e pode ocorrer ou não a chamada implantação. Sem ela, não há gestação.
Em que casos a fertilização in vitro é recomendada?
Para as mulheres que possuem endometriose, ovários policísticos, tuba obstruída ou não funcionante. Também devem procurar ajuda os casais que estão tentando engravidar há mais de um ano, com relações sexuais frequentes no período fértil.
Quais as chances de a fertilização "in vitro" ser bem-sucedida?
O sucesso da fertilização varia de acordo com a idade da mulher, mas depende fundamentalmente da implantação do embrião, um fator imprevisível. Em geral, mulheres saudáveis com até 30 anos têm 60% de chances de engravidar, com apenas dois embriões. Aos 40 anos, a taxa diminui para 20%, mesmo com o uso de quatro embriões.
Quais os riscos para a mulher ligados ao procedimento?
No caso de mulheres jovens, a fertilização in vitro pode causar a síndrome de hiper-estimulação ovariana, em que o ovário reage de forma negativa à ingestão de hormônios, causando queda de pressão, náuseas e vômitos. No caso da gestação múltipla, há a possibilidade de o corpo não suportar adequadamente o parto, ainda que seja a cesariana. Isso porque a gravidez demanda um grande esforço dos sistemas circulatório e respiratório.
Existe também o método de alteração do citoplasma. Como ele funciona? Quais os riscos? O procedimento experimental e proibido - consiste na aplicação do citoplasma (líquido da célula) de uma mulher jovem no óvulo esvaziado de uma mulher mais velha. Desta forma, o embrião gerado teria a carga genética da mulher que cedeu o óvulo, da mulher que cedeu o citoplasma, e do pai, ficando com três tipos de DNA. A ciência ainda não identificou os riscos de uma criança portadora de três DNAs. (Fonte: Revista Veja)
*OMS - Organização Mundial da Saúde – uma agência especializada em saúde, fundada em abril de 1948, com sede em Genebra, na Suiça.
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