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segunda-feira, agosto 27, 2012

As três Marias do Centro-Serra (RS)

(Foto: Luiz Fernando dos Santos)

Trigêmeas nasceram na época em que não havia recursos

Em 1956, ter um filho já era um enorme desafio. Faltava infra-estrutura e amparo, sobretudo no interior e os raríssimos médicos e parteiras atendiam de casa em casa com muita dificuldade. Se para ganhar um bebê a mãe já sofria, imagine três de uma única vez? Pois dona Ema Hübner Grohe de 79 anos e o marido, o agricultor Rudi Grohe de 81 anos, moradores de Linha Nossa Senhora Aparecida, Tunas, no RS, tiveram trigêmeas idênticas concebidas naturalmente. Por conta da raridade, a propriedade do casal passou a ser a mais visitada das redondezas.

Nasceu primeiro a Maria Cleci Grohe Wendel, em seguida Maria Gessi Wendel e por último, Maria Nelci Grohe Galhardo - pouco antes da meia-noite de 23 de janeiro de 1956. O fato foi inusitado à época, pois a gravidez era normal, e não havia qualquer indício de que tinha três bebês! “A barriga estava grande, mas para nós era normal”. Ema nunca foi consultar em nenhuma de suas gestações. Ela teve todos os 12 filhos em casa. Contou apenas com a coragem, fé em Deus, o marido e uma 'parteira', uma tia. Naquele dia a agricultora trabalhou na lavoura, guiando o arado com os bois, até o anoitecer. Por volta das 22h, começou a sentir as primeiras dores.

"Pouco antes da meia-noite nasceu a primeira das três. Nisto a parteira que cortava o umbigo percebeu que que havia outra criança. O susto foi grande quando ela notou que havia outro bebê", conta a aposentada. A terceira menina precisou ser 'puxada' pelo marido, que ajudava no parto. "Imagina a coragem desta mulher?" questionou Rudi se referindo à esposa sempre guerreira e forte. "Nunca imaginei ter três filhas. Mas aquela noite foi de muita alegria. Não sabíamos como seria. Lembro que a parteira dizia: vai buscar mais roupinha para vestir as meninas e eu sai à procura de mais peças. Mas deu tudo certo", contou ele emocionado.

Rudi, alías, ajudou em todos os partos da esposa. Em 8 minutos nasceram as trigêmeas. "A Ema estava firme. Estava bem, rindo. Sou o campeão do Planeta. Quero ver alguém me remedar", brincou Rudi. Ele lembrou que como sempre foram agricultores e o trabalho era árduo levavam os filhos junto para o campo. Eles colocavam as três em um cesto e, como eram calmas, passavam o dia tranquilas, brincando. "O problema era na hora de amamentar. Duas mamavam no peito e a outra chorava", recordou. “A terceira mamava em uma mamadeira improvisada. Nós íamos para a roça pela manhã e voltávamos à noite. Ela no arado e eu na foice" conta.

O agricultor conta que chegaram a sofrer preconceito. Porém, inteligente, Rudi deu um jeito de reverter a situação com uma promessa. "Jurei que quando elas tivessem oito anos, iria viajar com elas, mostrar para os outros. Notei que as pessoas achavam o fato curioso, e queriam fotografá-las. Então, vestíamos elas de forma idêntica, e o técnico do estúdio fotográfico fazia montagens com uma paisagem - do Arroio dos Pasa, na cidade de Segredo". As fotos eram vendidas e o dinheiro era usado para viagens. "Fomos conhecer várias cidades do Estado do Rio Grande do Sul e aonde íamos, as pessoas ficavam impressionadas. Era muito legal", conta o pai.

"Me sinto orgulhosa de ter trigêmeas", disse Ema. Duas moram em Coloninha, interior de Arroio do Tigre e uma próxima aos pais, em Tunas. Todos os filhos do casal residem na região. Por Magali Drachler / Gazeta da Serra

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