Isso porque o trabalho e os custos serão dobrados e nem sempre os pais estão prontos. Aí, o que seria motivo de felicidade torna-se um grande problema.
Para auxiliar aqueles que estão nessas condições, Sorocaba possui há 50 anos um programa municipal de transferência de renda – de responsabilidade da Secretaria da Cidadania – que atende famílias com gêmeos em situação de vulnerabilidade. A iniciativa paga 20% do salário mínimo para cada criança gemelar, mas poucos conhecem o benefício.
São os casos de Jéssica Soares da Silva, que aguarda ansiosamente o nascimento dos gêmeos Gabrielle e Davi – e também de Iraci Maria Fernandes, mãe dos gêmeos Tiago e Jackson Fernandes Weber de 27 anos.
“A gestação de gêmeos é tudo em dobro: os enjoos, as dificuldades, mas estou feliz.” diz Jéssica. Ela e o marido, Guilherme Moreira Rafael, descobriram que seriam pais de um casal de gêmeos no quinto mês de gestação. Então, os preparativos começaram: desde o berço até os quadros com os nomes para enfeitar o quarto.
A chegada de mais dois bebês com certeza vai abalar o orçamento da família. “Não conheço o programa municipal, mas vou atrás”, afirma Jéssica.
A semelhança é tanta entre Tiago e Jackson que eles já foram vencedores de um concurso de gêmeos em 1988. Mas além deste benefício, nenhum outro foi usufruído pela família. “Nunca tive essa bolsa da prefeitura por falta de conhecimento”, admite Iraci.
Dividir o útero não é o único acontecimento na vida de irmãos gêmeos. Caso, ambos se submetam aos mesmos estímulos ambientais, por terem o mesmo genoma, provavelmente vão desenvolver as mesmas doenças, de acordo com o médico e professor da PUC, Luiz Ferraz de Sampaio Neto.
“Existe a crença que se um tem dor de cabeça o outro vai ter. Mas não tem muita fundamentação científica. Eu conheço o caso de dois senhores gêmeos e um deles desenvolveu câncer de pulmão. Ambos fumavam. Depois de alguns anos o outro também teve o mesmo tipo de câncer”, detalha.
Segundo o médico, na gestação gemelar a ocorrência de uma ou duas placentas vai depender da fase da evolução embriológica em que acontece a formação dos gêmeos. "Quanto mais precoce, maior a chance de existirem características comuns".
Existem tipos de gêmeos, como os idênticos, que tem semelhança no seu genoma; os fraternos cuja carga genética é parecida, mas não é a mesma. "A herança poligênica faz com que as famílias tenham mais casos de gêmeos" finaliza o Dr Luiz Ferraz de Sampaio Neto.
Por Tatiane Patron / Bom dia Sorocaba / Foto Ilustrativa
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