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sexta-feira, maio 10, 2013

Ana Paula Verdovatto Bozolan é pedagoga, cadeirante e mãe

Ivone com a filha Ana Paula e a neta Liz
Apoio e informação são aliados do afeto

Entre os principais riscos que rondam a maternidade sobre duas rodas estão: devido a falta de circulação, a trombose nas pernas; devido a falta de sensibilidade, a infecção urinária; e as possibilidades de problemas no parto, decorrentes também da falta de sensibilidade. Além disso, há a possibilidade de escarras nas pernas e costas. Porém, nada impossível de ser contornado. Exercícios como fisioterapia, massagens e um pré-natal bem feito podem contornar a situação e promover uma gestação sadia e um parto sem complicações.

Não existe especialização ou curso que ensine os médicos a lidar ou tratar gestantes cadeirantes. O que há é bom senso. Até por isso, muitos médicos optam por desaconselhar a gestação. "Meu ginecologista me disse que nunca havia acompanhado uma gestação de uma cadeirante. Mas em seguida otimizou: "Vamos descobrir esse caminho juntos". E assim, tive Liz", conta Ana Paula Verdovatto Bozolan, que teve a filha no final de abril no hospital Samaritano, em Sorocaba - que também nunca havia realizado um parto de cadeirante.

"Um dos meus medos era dela ser prematura. Porém, com 38 semanas de gestação, ela nasceu com 3,760 quilos e 49 centímetros". Desde então, Ana Paula tem, como muitas outras mulheres cadeirantes, driblado a limitação motora para cuidar da pequena Liz. Ela conta com uma estrutura diferenciada - sinalizada como primordial em vários sites sobre o assunto -, como uma casa construída para atender a acessibilidade (com portas largas e térrea), além do auxílio da mãe, dona Ivone Bozolan, de 67 anos, e de uma empregada.

Ana Paula com o marido Thiago e a filha Liz
Por conta disso ela nunca fica sozinha; nem mesmo à noite, quando o marido, Thiago Dias Cardoso, faz questão de auxiliá-la na amamentação. "Liz tem o quarto dela, mas ainda dorme conosco no berço móvel. Quando chora de fome, ele (Thiago) se levanta e me passa a bebê. Após a mamada, ele a coloca no berço e volta a dormir. Mas Deus sabe bem o que faz. Liz é calma, só mama no peito e dorme a noite toda. Acorda somente uma vez, próximo das 4h, depois volta dormir bem", detalha ela.

Ana Paula diz que o fato de ser professora do ensino fundamental e já ter trabalhado com bebês, formada em pedagogia e pós-graduada em psicopedagogia, tem lhe ajudado a manter a calma. "Trabalho com crianças desde antes do acidente. Depois de ficar paraplégica, continuei na área por gosto. Isso fez com que eu me adaptasse a cuidar de crianças apesar de minha limitação", explica ela que também não tem medo do futuro.

"Criança é sincera e felizmente nunca sofri preconceitos, pelo contrário, sempre fui acolhida. Não tenho medo da maternidade e por ter desejado muito ser mãe, só estou curtindo", garante. É no que se apoia a mãe dela. "Tive três filhas. Tenho a mais velha, Elaine, e a Ana Paula é gêmea da Ana Claudia. Apesar do acidente, nunca nos lamentamos. Sempre pensamos no que podemos fazer hoje. E o fato dela se manter otimista, nos ajuda a olhar para frente. Mas é inevitável pensar que trata-se de uma vitória vê-la sendo mãe", emociona-se dona Ivone.

No entanto, um dos motivos de Ana Paula se manter otimista é a informação. "Sempre li a respeito de vida de cadeirante e desde antes de me casar, faço parte de grupos virtuais que discutem a relação sexual e a maternidade/paternidade de deficientes físicos. Saber que é possível viver e ter qualidade de vida é muito significativo para mim", diz ela. Além dos inúmeros grupos que existem em sites de relacionamentos, um dos pioneiros neste segmento é o www.mariaderodas.com.br

A criadora é a jornalista Flávia Cintra, mãe de gêmeos, atualmente repórter do Fantástico, da rede Globo. Na verdade o nome do site é também o nome do livro escrito por ela e pelas amigas Carolina Ignarra (educadora) e Tatiana Rolim (psicóloga), ambas igualmente cadeirantes e mães, como Flávia - que inspirou a personagem Luciana, da atriz Alinne Moraes, na novela global Viver a Vida, exibida em 2009, e que contava a saga de uma moça tetraplégica, vitima de um acidente, mas que se casou e tronou-se mãe.

A ideia de criar o site e depois o livro aconteceu justamente pela divisão de experiências que cercam as mães cadeirantes. "Os desafios da maternidade e o papel da mulher cadeirante foi o ponto de partida deste livro, que reúne emocionantes histórias e importantes dicas que incentivam, motivam e informam mulheres cadeirantes", diz a justificativa na página oficial. Mas o segredo destas mães? Conhecer bem suas limitações e se antecipar nas soluções antes que os problemas apareçam. E sempre contar com a rede de apoio. Fica a dica!  
Por Emídio Marques / Jornal Cruzeiro do Sul

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