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terça-feira, maio 14, 2013

Luana Oliveira perdeu gêmeas, mas gerou Nicolas

(Luana Oliveira e o filho Nicolas passeiam na Praça Batista Campos em Belém)

Mãe dá exemplo de superação após perder gêmeas na primeira gestação. Especialista diz que mães precisam passar pelo luto para voltar à realidade. Santa Casa oferece apoio psicológico em Belém (PA).

Luana Oliveira, de Belém (PA), esperava filhas gêmeas em 2010, mas teve uma anomalia na produção do líquido amniótico durante o sexto mês de gestação e acabou perdendo os bebês. Para superar a frustração da expectativa de ser mãe pela primeira vez, Luana ouviu relatos de várias mulheres que passaram por experiências semelhantes através da internet.

Luana e o marido Leonardo Linhares
"Nesse período acompanhei pela internet histórias de pessoas que tinham passado pela mesma situação, como elas conduziram isso. Precisava reerguer a vida, me fortalecer, pra poder tomar a decisão de uma nova gravidez. Estava casada há quatro anos e queria muito engravidar, mas infelizmente, por uma fatalidade da própria biologia, a gravidez não foi boa. É um momento de muita confusão, e percebi que tinha que conciliar a razão e emoção, porque é uma dor muito grande. A gente tem uma expectativa frustrada e, se nos afundarmos nisso, a dor se intensifica", relata Luana.

Segundo a professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Liamay Brandao, psicóloga especialista em sociologia familiar e desenvolvimento humano, o filho nasce no imaginário, assim que a mulher tem a notícia da gravidez, e o processo de recuperação após a morte de um filho ainda na barriga ou depois do nascimento deve partir do entendimento de que uma nova gravidez vai gerar um novo filho, e não resgatar o filho da gestação anterior.

"Quando há a perda do filho é preciso elaborar o perdido, que morreu, e o outro bebê que é um novo achado, para que ela não transporte o medo e a angústia da perda para esse novo bebê. Cada situação de perda traz um processo de frustração, pela sensação de impotência. Então vem o sentimento de incapacidade", diz a especialista.

Nova gravidez - Depois de mais de dez meses, Luana engravidou novamente, desta vez de um menino. "Me senti realimentada para engravidar de novo. Isso só ia se completar com uma gravidez vitoriosa. Apesar da insegurança, deu tudo certo", conta Luana. Hoje, Nicolas está com um ano e cinco meses. Ela considera importante falar sobre o assunto para que mães que passaram pela mesma dor saibam que uma nova gravidez é possível e pode ser saudável, completando o desejo de muitas mulheres que anseiam pela maternidade. "Às vezes a gente pensa que o corpo não é bom pra ser mãe, mas não é isso. Acontecem limitações, fatalidades, que não são tão raras. Fui atrás de dados científicos para pensar mais racionalmente. Comecei a ver que isso acontecia com outras pessoas parei de me sentir ‘a condenada’ a não ter filho", conta.

Para a especialista da UFPA é justamente essa sensação que pode ser considerada como uma superação. "É quando a mulher consegue equilibrar, não negar a perda anterior, mas entender que cada gravidez é única. A criança atual não é o filho perdido. É um novo filho. Há a chance da mãe que passou por uma perda superproteger o filho que nasceu com medo de que esse trauma se repita. É preciso que a mãe seja capaz de diferenciar uma situação da outra", completa Liamay Brandão.

Acompanhamento psicológico - Para a mulher que passa por uma situação semelhante, a Santa Casa de Misericórdia do Pará oferece acompanhamento psicológico. "As mães devem ser acolhidas, pois têm que passar pelo luto, para entrar em contato com a realidade para no futuro pensar em uma outra gestação", diz Sheila Rocha, psicóloga da unidade neonatal da Santa Casa. No hospital, existe atendimento psicológico mesmo depois que a mãe recebe alta. A mulher pode continuar sendo atendida com psicólogo, em acompanhamento feito no Ambulatório da Mulher.

Segundo a psicóloga, o bom acompanhamento é fundamental, já que geralmente o bebê é uma espera aguardada por toda a família. Segundo ela, na cabeça de cada mãe o bebê já é idealizado, chamado na Medicina de 'bebê imaginário'. Ela alerta, porém, que há o bebê real, que é aquele que nasce e está suscetível a complicações. "O bebê pode vir a morre ou nascer com má formação. Essas mães, então, devem abandonar o bebê idealizado, devem desapegar do filho imaginário, e entrar em contato com o bebe real", aconselha.  
Dominik Giusti e Gil Sóter / G1

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