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quarta-feira, maio 08, 2013

"O segredo das famílias felizes" Por Bruce Feiler

Bruce Feiler com a esposa Linda Rottenberg e as filhas gêmeas Tybee e Eden Feiler. Ele é colunista do jornal "New York Times" e autor de diversos livros, incluindo 'The Secrets of Happy Families' / Foto Harper Collins

Como acabar com a guerra em casa - Pais, mães e filhos podem ser treinados para alcançar a harmonia em família. Técnicos esportivos, especialistas em guerra e altos executivos mostram em recente best-seller nos Estados Unidos como isso é possível.

A batalha na casa do escritor americano Bruce Feiler durou quase oito anos, idade de suas filhas gêmeas Eden e Tybee. As manhãs eram especialmente caóticas. Nunca subestime o potencial bélico de uma criança quando acorda e precisa ser vestida, alimentada e encaminhada ao colégio contra a vontade. Feiler e Linda estavam prestes a explodir de frustração. "Percebi que jogávamos sempre na defensiva, nunca no ataque" disse o Bruce Feiler sobre a vida em família para a ISTOÉ. Cansado dos convencionais guias de autoajuda, ele recrutou especialistas das mais diversas áreas para descobrir como manter um grupo unido e motivado: militares, esportistas, executivos, publicitários, etc. Colocou tudo em prática na sua casa - melhorou significativamente a dinâmica familiar e, em fevereiro, publicou o livro "The Secrets of Happy Families" (O segredo das famílias felizes) com 200 dicas inusitadas para a paz no lar.

A obra já está no ranking do The New York Times e teve os direitos comprados pela Ediouro para ser lançado no Brasil. É um sucesso previsível. Pais modernos são seres entrincheirados entre a frenética exigência profissional e a conflituosa rotina doméstica. Décadas atrás, as gerações não percorriam as prateleiras das livrarias em busca de títulos aconselhadores. Cabia às mulheres cuidar da educação dos filhos, enquanto os homens se dedicavam ao mercado de trabalho. Agora, essa divisão de papéis praticamente inexiste e encontrar o equilíbrio entre eles parece ser a chave da felicidade. Em seu livro, Feiler mostra que dedicamos tempo para aprimorar nosso trabalho, nosso corpo, nossos hobbies, mas não fazemos o mesmo por aqueles que mais amamos.

E por que isso acontece? "As demandas profissionais nunca foram tão grandes e as pessoas tem pouco tempo para lidar com questões emocionais" afirma Ana Maria Rossi, doutora em psicologia e presidente do Isma-BR, uma associação internacional para a prevenção e o tratamento do estresse. "É como se elas se reprimissem o dia inteiro para se enquadrar na postura socialmente aceita, então só querem ser elas mesmas quando voltam para casa. Em outras palavras, você perde a paciência com seu marido porque não pode perder com seu chefe".

O autor americano tenta tirar os pais desse fogo cruzado, com sugestões de respostas para perguntas cruciais: Como transmitir valores e responsabilidade às crianças, e ainda assim se divertir em família? Como educar e dar suporte aos filhos, mas também arrumar tempo para preservar a relação do casal? Todas as propostas do livro, Feiler testou em sua casa. Pregou um fluxograma na parede da cozinha, listando os deveres de cada membro da família.

Também ajudou as filhas a se orientarem na rotina matina e todos passaram a se reunir uma vez por semana para conversar sobre apenas dois problemas e sugerir soluções. Desde então, o autor permite que as filhas escolham as próprias recompensas e punições, de acordo o comportamento. De fato, há uma série de pesquisas sobre como é vantajoso dar poder às crianças. Quando planejam o tempo, definem metas e avaliam o desempenho, elas desenvolvem o córtex pré-frontal. Essa parte do cérebro é responsável pela cognição, pela tomada de decisões e pela autodisciplina.

Imagine que irmãos entre 3 e 7 anos brigam dez minutos a cada hora. E que apenas um em cada oito combates termina em reconciliação. A comerciante Ana Paula Gaspar hasteou a bandeira branca há alguns anos, depois de surtar em viagens de carro com os filhos João Pedro e Thiago, gêmeos de 13 anos. Eles costumavam passar temporadas no litoral, mas o período de descanso nunca saía como o esperado.

Impacientes no trânsito, com fome, eles perguntavam o tempo todo quanto faltava para chegar e se cutucavam para driblar o tédio. Certa vez, Ana Paula colocou a cabeça para fora da janela e gritou exaurida. Hoje, anda com revistas de caça-palavras para todo lado, uma tática que não só sossegou os meninos como fez com que todos se ajudassem para finalizar o jogo. Foi exatamente essa a dica dada pelos designers de games do Vale do Silício entrevistados por Feiler, experts em entreter crianças. A essência é estimulá-las a interagir, não competir entre si. A ideia de pertencer a um grupo, nas horas divertidas ou difíceis, aumenta os laços de afinidade e o poder de resiliência.

Com tantas preocupações com os filhos, as desavenças entre o casal se tornam inevitáveis. O próprio Feiler conta que ele e a esposa tinham um horário crítico diariamente, no começo da noite, quando decidiam quem iria lavar a louça ou botar as roupas na máquina. Estudos indicam que o período mais estressante para as famílias é entre 18h e 20h, com os pais cansados do trabalho e diante das tarefas domésticas. Feiler consultou diplomatas de Harvard para saber como brigar com inteligência e descobriu que longas discussões são as menos eficazes. Os verdadeiros argumentos são ditos nos três primeiros minutos - depois, a tendência é a repetição e ofensas. Reservar um dia na semana para namorar é uma das dicas de uma terapeuta sexual com quem Feiler conversou.

Não existem fórmulas prontas nem um perfil científico das famílias felizes. O que o autor americano aponta são pistas de como se aproximar daquela tão sonhada harmonia, sem recorrer a cartilhas clichês de best-sellers sobre as mães-tigre. Ser assertivo, por exemplo, é uma das qualidades essenciais dentro de casa. "Não reprimir emoções nem colocar a culpa em ninguém, mas abrir para o diálogo", afirma Ana Maria Rossi, do Isma-BR. Em segundo lugar, priorizar a qualidade em vez de quantidade de tempo. De nada adianta passar horas com os filhos se vocês vivem se acusando e se ressentindo.

Após três anos de pesquisa, o autor concorda. Para ele, as famílias felizes tem três coisas em comum: elas são adaptáveis, conversam muito e se divertem junto. E o mais importante: todos decidem continuar a trabalhar para aprimorar a família. Essa pode ser a lição mais duradoura de todas. Por Nathalia Ziemkiewicz  
A matéria na íntegra você lê na Isto É

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