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sábado, março 06, 2010

Livro de Jorge Camarasa gera polêmica no RS

"Cientista nega tese de que Mengele fez manipulação genética no RS. A tese de que o médico nazista Josef Mengele estaria por trás da alta taxa de nascimento de gêmeos na cidade gaúcha de Candido Godói - publicada recentemente no livro Mengele - O anjo da morte na América do Sul, do historiador argentino Jorge Camarasa.

A teoria, porém, é refutada por especialistas ouvidos pelo Estado. Segundo Camarasa, um dos principais investigadores sobre a presença de refugiados nazistas no Cone Sul, a estadia de Mengele na cidade a partir de 1963 coincidiu com uma disparada do nascimento de gêmeos. Na época, a média chegou a ser de 1 em cada 5 partos.

Hoje, segundo a prefeitura local, é 1 em cada 20 partos - igual à média mundial. Os gêmeos eram a obsessão de Mengele, que durante a Segunda Guerra fez várias experiências com crianças judias.

Em 1960, o médico fugiu para o Paraguai. Instalou-se na cidade de Hohenau, comunidade germânica sobre o Rio Paraná. De lá teria começado a visitar Candido Godói e com o nome de Rudolph Weiss, teria trabalhado por três anos como veterinário no município. Reunia-se com fazendeiros, aos quais propunha "melhorar o gado". Mas também extraía sangue de mulheres e realizava outras "intervenções médicas".

Para a geneticista Carla Franchi Pinto, especialista em gemelologia, Mengele não teria tecnologia para manipular embriões na década de 60. "Hoje é possível criar gêmeos monozigóticos in vitro, mas é preciso um laboratório refinado. Mengele nem sequer teria ultrassom para retirar os óvulos, muito menos um micromanipulador de embriões. O máximo que ele poderia ter feito é dar hormônios para estimular a poliovulação, o que poderia resultar em gêmeos dizigóticos. Mas isso afetaria somente aquelas mulheres tratadas por ele, o efeito não se perpetuaria pelas gerações seguintes”, diz Carla.


"As pessoas em Candido Godói admitem a presença de Mengele, mas não o indicam como responsável pela disparada de gêmeos. Elas afirmam que o boom aconteceu primeiro e que Mengele, obcecado pelo tema, foi ver as coisas de perto"
diz o autor, Jorge Camarasa. (Fonte: Estadão)

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