Translator Widget by Dicas Blogger

Quer anunciar aqui? Entre em contato: vizinhosdeutero@gmail.com

sexta-feira, maio 28, 2010

Mariana e Carolina Telles Vaz

"Nossa infância foi muito mágica. Crescemos no Rio devido a uma proposta de trabalho que minha mãe, recém separada, havia recebido. Naquela época, era uma cidade era menos violenta , onde as crianças brincavam nas calçadas em frentes aos prédios nas tardes de sábado.

Como meu pai e o resto da família havia ficado em SP, o resultado foi uma união maior ainda com minha mãe e, especialmente minha irmã. Crescemos livres, perto da praia, convivendo com bichos, jogando queimada nas tardes de colégio à sombra de jaqueiras.

Pra mim, o ponto mais positivo de ser gêmeas é a possibilidade de aprender a amar e entender o outro de uma forma absolutamente inteira, sem meio termo. O ponto negativo é justamente a dificuldade de se ponderar esse amor quando há necessidade de distância. E, também diria, a solidão.

Vivemos num mundo individualista, que absolutamente não entende a lógica gemelar. Nossa diferença de personalidade era "trompe l 'oeil". À primeira vista, alguém poderia dizer que eu era a "extrovertida" e Carola a "introvertida".

Mas, a dinâmica obedecia à uma verdade oculta: Carola era mais fechada num primeiro contato, mas muito mais sedenta de contato com o mundo, de novidades, de histórias. Carola tinha sede de pessoas. Já eu, sempre transitei bem socialmente, mas fui muito reticente para aprofundar relacionamentos. Me relacionava com o mundo fundamentalmente através de minha relação com ela, com exceção de relações amorosas logicamente.

Não administro a ausência de Carola. Tento sobrevivê-la todo dia, sendo que a cada novo dia é uma incógnita se farei um progresso ou voltarei para casa mais uma vez convencida que o mundo já não vale muito a pena
"

Mariana Telles D'Utra Vaz é pós-graduada em Administração de Empresas e gêmea de Carolina Telles D'utra Vaz.

Carolina, psicanalista, escritora, extremamente sensível, auto-destrutiva, brilhante, boêmia, leitora voraz, amante de jazz e gatos. Intensa, apaixonava-se constantemente pelo amor e como boa escritora, colecionava pessoas: amigos íntimos dos mais diversos, amantes de tipos opostos, companheiros dos bares que frequentava, colegas de trabalho.

Há um ano, numa manhã de Maio, aos 32 anos, Carolina se despediu da vida. Mariana descobriu o corpo, mas não a razão de sua morte. No blog ela narra essa história, o luto e possíveis esclarecimentos.
São Paulo / SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário