
Como meu pai e o resto da família havia ficado em SP, o resultado foi uma união maior ainda com minha mãe e, especialmente minha irmã. Crescemos livres, perto da praia, convivendo com bichos, jogando queimada nas tardes de colégio à sombra de jaqueiras.
Pra mim, o ponto mais positivo de ser gêmeas é a possibilidade de aprender a amar e entender o outro de uma forma absolutamente inteira, sem meio termo. O ponto negativo é justamente a dificuldade de se ponderar esse amor quando há necessidade de distância. E, também diria, a solidão.
Vivemos num mundo individualista, que absolutamente não entende a lógica gemelar. Nossa diferença de personalidade era "trompe l 'oeil". À primeira vista, alguém poderia dizer que eu era a "extrovertida" e Carola a "introvertida".
Mas, a dinâmica obedecia à uma verdade oculta: Carola era mais fechada num primeiro contato, mas muito mais sedenta de contato com o mundo, de novidades, de histórias. Carola tinha sede de pessoas. Já eu, sempre transitei bem socialmente, mas fui muito reticente para aprofundar relacionamentos. Me relacionava com o mundo fundamentalmente através de minha relação com ela, com exceção de relações amorosas logicamente.
Não administro a ausência de Carola. Tento sobrevivê-la todo dia, sendo que a cada novo dia é uma incógnita se farei um progresso ou voltarei para casa mais uma vez convencida que o mundo já não vale muito a pena"
Mariana Telles D'Utra Vaz é pós-graduada em Administração de Empresas e gêmea de Carolina Telles D'utra Vaz.

Há um ano, numa manhã de Maio, aos 32 anos, Carolina se despediu da vida. Mariana descobriu o corpo, mas não a razão de sua morte. No blog ela narra essa história, o luto e possíveis esclarecimentos.
São Paulo / SP
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