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segunda-feira, junho 14, 2010

"Diogo, Laura e Mario" Por Octavio Lacombe

"Até hoje, depois de 6 anos convivendo com Diogo, Laura e Mario, ainda me pego pensando, admirado, sobre como me tornei pai de trigêmeos. Sempre quis ser pai, sempre adorei crianças, mas nunca imaginei que pudesse ter mais de um filho de uma vez.

Quando Bia, minha mulher, foi fazer o primeiro ultrassom eu nem a acompanhei. Ela mesma achava que seria inútil eu ir junto só pra ver um feijãozinho. Fiquei em casa trabalhando. Quando ela voltou eu quis logo saber as novidades. Ela não disse nada, só me mostrou uma caixinha dessas lojas de roupas de bebê.

Eu abri e achei a roupinha bem bonitinha. Achei legal que ela tivesse comprado uma roupinha já de primeira, assim. Em seguida ela me mostrou outra caixinha igual. Minha primeira reação foi ficar bravo, caramba, já está gastando demais, disse à ela. E ela começou a chorar. Olhei bem pra Bia e só então percebi: gêmeos!

Nos abraçamos e chorei também, de alegria, de emoção, de surpresa. Na semana seguinte ela foi fazer um outro ultrassom numa clínica com equipamentos mais poderosos. Eu estava ocupado com minhas aulas, não pude ir outra vez.  

Então Bia me telefona, me pede pra sentar: são três! Ainda bem que estava sentado, porque senão tinha mesmo caído no chão. As pernas fraquejaram. E larguei tudo o que estava fazendo e fui pra casa. Fiquei atordoado, sem saber o que pensar, sentindo tudo e mais um pouco, sem fala.

Quando nos encontramos mais uma vez choramos juntos. Dessa vez além da emoção sentíamos também preocupação. Preocupação com a gravidez, com a Bia, com o futuro. Ainda me emociono lembrando disso tudo. E do dia do parto, dos primeiros dias no hospital, dos primeiros dias cuidando dos três em casa, dos meses que passamos em dormir. Ainda lembro da enorme quantidade de pessoas que passou por nossa casa ajudando, trabalhando e de toda a logística que montamos tudo funcionar. Fazia compras na CEASA, nos atacados da vida.

Comprava quantidades enormes de fraldas, leite, lenços umedecidos, legumes, carnes, frango, frutas. O tempo vai passando, eles vão crescendo mas não me esqueço dos momentos mágicos que passei com eles. Eu acordava cedo pra ir trabalhar e dava a primeira mamadeira, trocava a fralda da noite.

Os sorrisos que vi dos trigêmeos nesses momentos são impagáveis, inesquecíveis, marcas pra toda a minha vida. Depois dos 6 meses de vida, nunca mais nos deram trabalho pra dormir. Até hoje dormem super bem. Hoje posso dizer que são disciplinados, organizados, crianças bondosas, gentis.

Eu e minha mulher, sempre nos divertimos muito com os três, sinto que eles são muito felizes, muito risonhos, muito divertidos. Com o tempo fui percebendo que criá-los no Brasil seria muito difícil pra nós, gastaríamos muito dinheiro e não poderíamos oferecer a eles a qualidade de vida que gostaríamos.

Então resolvemos sair do país. Hoje moramos no Canadá e nossas preocupações com o futuro são bem menos estressantes do que antes. Claro, como tudo na vida, a tri-paternidade tem seus pontos negativos também. Por exemplo, acho que envelheci bastante, não tinha cabelos brancos antes do nascimento deles.

É cansativo ensinar...tudo tem que ser dito três vezes. E óbvio, é dispendioso, mas é muito compensador. Uma das coisas de que mais gosto é ver a cumplicidade deles. Ser pai de trigêmeos ampliou muito minhas perspectivas sobre a vida, me fez uma pessoa melhor. Pelo menos eu acho que sim. Espero poder vê-los crescer e quem sabe, se tiver sorte, me tornar avô. Do jeito que o tempo voa, não demorará muito".

Octavio Lacombe e família moram em Calgary, na província de Alberta no Canadá. Ele é arquiteto, urbanista e professor universitário.

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