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quinta-feira, março 31, 2011

Fatima Bernardes na Revista Fértil

Li a entrevista que a jornalista Fátima Bernardes deu à Revista Fértil e achei interessante compartilhar:

"Eu sempre fui muito decidida e achava que engravidaria no momento que quisesse. Defini que seria em setembro de 1994, quando faríamos uma viagem pela Itália, só que eu não engravidei em setembro, nem em outubro, nem em novembro, dezembro, janeiro. Sempre tive uma menstruação muito irregular e disso dificultava descobrir o dia fértil. Começamos com aquela história da temperatura, do dia. Depois a gente descobriu que nem todo mês eu ovulava e fiz um tratamento, já que era março de 1996.

Foram quase dois anos nesse processo e como eu tinha sido escalada para as Olimpíadas de Atlanta, decidimos esperar. Na volta, minha ginecologista sugeriu que o William também fizesse um exame e descobrimos que ele estava com uma produção baixíssima de espermatozoides. Descobrimos que o problema não era genético e sim, circunstancial. Ele fumava, era estressado. A previsão de tratamento era de dois anos. Neste momento optamos, por sugestão da minha médica, pela fertilização in vitro e procuramos um especialista.

Nós imaginávamos ter um filho com a FIV e dois anos depois, ter outro por vias naturais, sem cobrança, sem pressão. Eu voltei das Olimpíadas em agosto e em dezembro de 1996 fiz meu primeiro tratamento. Transferimos três embriões, mas não engravidei. Dois meses depois eu disse ao William que estava pronta para tentar de novo. Mas dessa vez, por decisão dos médicos, transferimos quatro embriões – o limite. Dos quatro, três vingaram. Eu fiquei sabendo que tinha engravidado no dia 29 de março de 1997.

Desde os 7 anos de idade eu tomo uma xícara grande de café preto pela manhã. Nesse sábado, só de olhar a cafeteira fiquei enjoada. Era o 12º dia após a transferência dos embriões e o exame de gravidez estava marcado para dois dias depois. Na hora de me vestir, a calça não fechava. Liguei para o médico, contei o que estava acontecendo e pedi pra antecipar o exame. Com a gravidez confirmada, a dúvida, então, passou a ser quantos bebês eram, já que o Beta HCG estava bem alto. Eu dizia que não ia contar pra ninguém, até o terceiro mês, mas não me contive. Foi avassalador, não consegui guardar segredo.

Houve dois momentos difíceis. O primeiro é a expectativa para o teste de gravidez. São 14 dias de espera nos quais, teoricamente, você pode levar uma vida normal. Mas não tem como relaxar, sempre fica a dúvida. Quando não dá certo você se pergunta se fez alguma coisa errada. Acho que essa expectativa foi pior que as injeções! O segundo foi quando parei de trabalhar para evitar as contrações, porque quando o útero atinge certo grau de dilatação as contrações começam a acontecer.

Com a gravidez de trigêmeos o útero atinge esse limite antes da gestação terminar. Esse período foi bem mais tenso. Quando eu estava com um pouco mais de cinco meses de gravidez, a minha obstetra sugeriu que eu visitasse uma UTI Neonatal, uma vez que meus filhos seriam prematuros. Quando olhei o berçário fiquei péssima. O neonatologista conversou muito comigo e me explicou que cada dia na minha barriga faria muita diferença no desenvolvimento das crianças. A UTI assusta a gente porque os bebês não se parecem com o recém-nascido que estamos acostumados a ver. Aquela visita foi definitiva. Ali eu percebi o quanto era importante esticar ao máximo minha gestação.

Eles nasceram na 33ª semana. Na véspera do parto, fiz um exame que indicou que um dos bebês entraria em sofrimento por causa da posição do cordão umbilical nas 48 horas seguintes. Refiz o exame às 7 da manhã e às 11:28, 11:29 e 11:30 horas nasceram meus trigêmeos. Vocês não fazem idéia da concentração de sambódromo que era aquela sala de parto. Eram dois anestesistas, três obstetras, neonatologista, duas enfermeiras, o pediatra e o pai. Uma correria, porque eles nasceram com intervalo de um minuto cada um. A Beatriz ficou 25 dias, e a Laura e o Vinícius 23 dias na UTI Neonatal" (Fotos: Caras)

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