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terça-feira, outubro 11, 2011

Matheus Rogério Paulino

(Matheus Rogério - gêmeo sobrevivente)

“Casei aos 18 anos, mas demorei engravidar. Quando consegui, perdi logo em seguida. Foram três abortos espontâneos. Na busca por respostas, essas perdas que me causaram dor e ansiedade. Eu desejava muito ser mãe.

Em julho de 1998 procurei o
Dr José Bento (foto ao lado) - que nos tratou com carinho, atenção e profissionalismo. Fizemos todos os tipos de exames possíveis e até constrangedores. Em outubro ele recomendou que fizéssemos uma inseminação artificial. Mas, além de correr o risco de não engravidar, não tínhamos condições financeiras. Então, o Dr José Bento nos aconselhou a tirar férias e relaxar.

Trabalhei até março de 1999 e fomos viajar. Quando voltamos, não dei importância para o meu ciclo que sempre foi irregular - mas fiquei gripada – como em todas as gestações anteriores. Desconfiada, liguei para o meu ginecologista, Dr Dirceu Faggion e fiz um ultrassom. Para nossa surpresa, havia dois sacos gestacionais.

(Matheus com 11 anos e a irmã Maithe com 9 anos)

Fiquei muito feliz e queria gritar para o mundo que esperava gêmeo (univitelinos). Mas, infelizmente, na 12ª semana tive um sangramento. O Dr Dirceu me examinou e disse que somente um coração estava batendo, o outro feto veio a óbito.

Fiz repouso absoluto, porque o corpo queria expelir o feto morto e com isso, eu corria o risco de perder o feto vivo também. Naquele momento, meu instinto maternal não quis chorar pelo filho perdido e sim, tentar preservar a vida do outro – e fazer o possível para segura-lo.

Senti muito medo. Coloquei toda minha energia naquele que estava lutando para sobreviver e sabia que num espirro podia abortá-lo. Tomei todas as vitaminas indicadas pelo médico para evitar infecções e conversava bastante com o bebê.

O corpo aceitou o feto morto e ele não se desintegrou. (Seu nome seria Rogério). Com seis meses de gestação tive alta do repouso absoluto e já chamava meu filho pelo nome, Matheus.

Porém, eu estava muito sensível. Racionalmente eu sabia que carregava um feto vivo, mas meu cérebro me enganava. Quando ia comprar enxoval, sem querer, escolhia duas peças iguais. Chorava de tristeza pelo Rogério e chorava de alegria pelo Matheus. Podem imaginar o meu estado emocional?

O nascimento do Matheus estava previsto para o primeiro dia do ano de 2000, mas minha pressão arterial estava elevada, então, marcamos a cesariana para o dia 23/12/1999. Uma semana antes do parto, fui atropelada por uma moto. Entrei em pânico. Não podia perder meu filho depois de 10 anos de tratamento e espera. Fomos até o Hospital São Luiz, e o médico disse que poderia fazer o parto naquela hora mesmo. Depois de conversarmos muito, decidi deixar para o dia marcado.

(Helder e Rosi com os filhos Maithe e Matheus)

(No final da gestação descobrimos que o embrião sem vida serviu de nutrientes para o irmão sobrevivente. Este havia se transformado em uma massa celular de forma arredondada que foi retirada sem traumas)

Dia 23 de dezembro, às 06 horas, ouvi nosso filho Matheus chorar. Aliás, ele se chama Matheus Rogério e já está com onze anos. Um menino meigo, carinhoso, carismático e sabe que é gêmeo sobrevivente. Ele pergunta sobre o irmão com frequência e isso me incomoda um pouco, mas não podemos mudar a história. Não questiono o fato de ter carregado um feto sem vida. Sou grata pelo filho que sobreviveu.

Dois anos depois, tive a nossa filha Maithe. Sinto-me muito abençoada com a maternidade e não há nada que se compare com tamanha felicidade”

Rosi Paulino e Helder Rogério
Contato: rosi.paulino@bol.com.br
São Paulo / SP

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