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quarta-feira, março 07, 2012

Anatomia da personalidade I - Gabriela Carelli


As gêmeas univitelinas Renata e Bruna Alves de Souza (foto) provam que às vezes a genética influi mais do que a criação no comportamento. A mãe fez questão de criá-las de maneira diferentes, mas, apesar do esforço para diferenciá-las, as irmãs cresceram e continuaram parecidas em muitos aspectos. Bruna e Renata tem facilidade para idiomas, o mesmo temperamento e a mesma turma de amigos.

"A ciência descobre que a herança genética influi mais do que se pensava na formação das características e no comportamento humano" Revista Veja

O que faz alguém de índole calma ter uma explosão de violência? A homossexualidade, como surge? Por que algumas pessoas se tornam líderes enquanto outras, igualmente inteligentes, têm um destino medíocre? Explicar o comportamento humano em seus diversos aspectos – no círculo de amizades, no trabalho, no amor, na fé religiosa – sempre foi um desafio para psicólogos e cientistas. Até hoje, as pesquisas sobre o tema produziram duas correntes antagônicas, que contrapõem a natureza e o ambiente social. De um lado estão os defensores da tese de que todos nascem iguais e a personalidade é formada pelo aprendizado e pelas experiências pessoais. Do outro lado, acredita-se que os traços da personalidade são definidos pela herança genética, assim como a cor dos olhos.

Uma série de descobertas enterra essa discussão. A idéia de que só o ambiente ou só o DNA forma a personalidade foi substituída por outra mais flexível. Todo comportamento tem um componente genético, mas sua manifestação depende de fatores ambientais. Sob essa visão, genética e sociedade interagem para moldar o jeito de ser de cada pessoa. "O gene carrega a arma e o ambiente puxa o gatilho", disse a VEJA o geneticista Matt Ridley, da Universidade de Oxford e autor do livro O que Nos Faz Humanos: Genes, Natureza e Experiência.

A revolução nos conceitos da chamada genética do comportamento, nome dado à ciência que estuda a influência dos genes na personalidade, ocorreu por causa dos avanços na engenharia genética e na biologia molecular. Os cientistas são capazes de fazer uma busca minuciosa em todo o genoma e encontrar regiões com genes capazes de influenciar o comportamento humano. Essas regiões podem ser identificadas em análises de amostras de sangue de irmãos ou familiares com os mesmos traços psicológicos. Já foram encontrados genes e regiões genômicas que tornam as pessoas mais vulneráveis a adotar comportamentos agressivos ou a sofrer transtornos psíquicos. Também já foram detectados genes relacionados à orientação sexual e a vícios como alcoolismo e tabagismo.

Os pesquisadores advertem que portar esses genes não significa que a pessoa necessariamente desenvolva o comportamento ligado a ele. Não existe determinismo genético, apenas predisposição. Um estudo do Instituto de Psiquiatria do King's College de Londres, encontrou dois genes que atuam na liberação de neurotransmissores no cérebro. Esses genes são responsáveis pela depressão e pelas atitudes anti-sociais, mas só se manifestam em pessoas expostas a situações de grande stress, como perda de emprego ou morte de familiares.

Conclusão: ter predisposição genética à depressão não leva ninguém a ficar deprimido. O mesmo acontece com os distúrbios alimentares. Cientistas da Universidade da Carolina do Norte identificaram regiões genéticas similares em amostras de sangue de mais de 400 pacientes com anorexia ou bulimia. "Os mesmos marcadores apareceram em pessoas sem os distúrbios, o que comprova a ação do ambiente", diz a autora do estudo, a geneticista Cynthia Bulik. (Continuação)

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