
O conservadorismo político, por exemplo, é um traço que, segundo o estudo, tem 60% de influência genética. A herança genética da religiosidade gira em torno de 57%. "O grupo de Minnesota não tenta provar que há um gene para Deus e um gene conservador. Nem afirma que o ambiente não tem importância na religiosidade. Os cientistas apenas afirmam que, mesmo em características 'culturais' como a religião, o impacto dos genes não deve ser ignorado e pode ser medido", diz o geneticista Salmo Raskin, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Clínica.
A busca por explicações para o comportamento humano mobiliza filósofos, sociólogos, médicos e cientistas desde a Antiguidade. Na Grécia, Hipócrates, considerado o pai da medicina, classificava a personalidade em quatro tipos, de acordo com a presença de determinadas substâncias no organismo. No século XVII, o filósofo John Locke foi um dos primeiros a teorizar que a mente humana nasce vazia, como um papel em branco, e que a personalidade é fruto das experiências. Logo depois, o francês Jean Jacques Rousseau criou o conceito do bom selvagem inspirado nas descobertas de povos indígenas nas Américas. Para ele, os humanos nasceriam inocentes e pacíficos. Males como ganância e violência seriam produto da civilização.
O primeiro cientista da era moderna a estudar seriamente a questão da natureza versus criação foi o inglês Francis Galton, no fim do século XIX. Pioneiro no estudo de irmãos gêmeos, ele pretendia mostrar que a inteligência e os talentos da elite intelectual inglesa eram passados de pai para filho. É notório que o médico alemão Josef Mengele (foto) se utilizou das idéias de Francis Galton para torturar e matar inúmeros gêmeos em experimentos sobre hereditariedade de traços sociais. "A maior justificativa para os pensadores negarem a influência genética do comportamento é o medo do preconceito e da eugenia", diz o cientista Steven Pinker, da Universidade Harvard, autor do livro Tábula Rasa, a Negação Contemporânea da Natureza Humana. (Continuação)
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