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sexta-feira, março 09, 2012

Anatomia da personalidade III - Gabriela Carelli

"A ciência descobre que a herança genética influi mais do que se pensava na formação das características e no comportamento humano" Revista Veja

Pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, acompanham 8.000 gêmeos há muitos anos. Trezentos deles são gêmeos idênticos e separados da família no nascimento. Os resultados dos mais de 129 estudos publicados pela equipe surpreendem ao mostrar que certos comportamentos avaliados como fruto do aprendizado ao longo da vida são fortemente influenciados pela genética.

O conservadorismo político, por exemplo, é um traço que, segundo o estudo, tem 60% de influência genética. A herança genética da religiosidade gira em torno de 57%. "O grupo de Minnesota não tenta provar que há um gene para Deus e um gene conservador. Nem afirma que o ambiente não tem importância na religiosidade. Os cientistas apenas afirmam que, mesmo em características 'culturais' como a religião, o impacto dos genes não deve ser ignorado e pode ser medido", diz o geneticista Salmo Raskin, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Clínica.

A busca por explicações para o comportamento humano mobiliza filósofos, sociólogos, médicos e cientistas desde a Antiguidade. Na Grécia, Hipócrates, considerado o pai da medicina, classificava a personalidade em quatro tipos, de acordo com a presença de determinadas substâncias no organismo. No século XVII, o filósofo John Locke foi um dos primeiros a teorizar que a mente humana nasce vazia, como um papel em branco, e que a personalidade é fruto das experiências. Logo depois, o francês Jean Jacques Rousseau criou o conceito do bom selvagem inspirado nas descobertas de povos indígenas nas Américas. Para ele, os humanos nasceriam inocentes e pacíficos. Males como ganância e violência seriam produto da civilização.

O primeiro cientista da era moderna a estudar seriamente a questão da natureza versus criação foi o inglês Francis Galton, no fim do século XIX. Pioneiro no estudo de irmãos gêmeos, ele pretendia mostrar que a inteligência e os talentos da elite intelectual inglesa eram passados de pai para filho. É notório que o médico alemão Josef Mengele (foto) se utilizou das idéias de Francis Galton para torturar e matar inúmeros gêmeos em experimentos sobre hereditariedade de traços sociais. "A maior justificativa para os pensadores negarem a influência genética do comportamento é o medo do preconceito e da eugenia", diz o cientista Steven Pinker, da Universidade Harvard, autor do livro Tábula Rasa, a Negação Contemporânea da Natureza Humana. (Continuação)

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