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segunda-feira, julho 30, 2012

Executivas flexibilizam licença-maternidade

Executivas flexibilizam licença-maternidade

"Com gêmeos recém-nascidos e as mamadas programadas para cada três horas, o cálculo era exato: Cláudia Zapparolli tinha 40 minutos de pausa entre uma amamentação e outra. E era esse tempinho que a executiva da Samsung aproveitava para ler os e-mails e receber telefonemas profissionais.

"Montei uma estrutura antes do parto e, nos meses fora do escritório, fiquei disponível para a empresa, mas até certo ponto", diz ela. Uma maratona que começou no 2º mês de vida dos meninos (hoje estão com 1.2) e durou até o fim da licença-maternidade, emendada com um mês de férias.

A história de Cláudia é um exemplo da realidade de muitas executivas ante à maternidade. Ocupantes de cargos estratégicos, essas mulheres acabam não se ausentando do trabalho, mesmo que não estejam fisicamente no escritório. Um cenário mais possível com as tecnologias, as conferências telefônicas e as reuniões por Skype.

A legislação brasileira estabelece o afastamento mínimo e remunerado de 16 semanas. Tempo considerado pequeno por muitas mães, mas exagerado por boa parte das empresas.

"Pode não parecer, mas a legislação brasileira é muito rígida. E isso, ao mesmo tempo em que protege a mulher, pode também atrapalhar. Especialmente quando se trata de cargos de alto escalão", afirma o consultor Jeffrey Abrahams, que trabalha no recrutamento de executivos.

É por essa razão, explica ele, que, apesar de o tabu de contratar mulheres ter sido vencido, grande parte das empresas ainda resiste à ideia de recrutar uma gestante. Uma estatística que poupou, na semana passada, uma das executivas mais bem pagas do mundo. Grávida de seis meses, a americana Marissa Mayer, de 37 anos, deixou o Google, onde atuava havia 13 anos, para assumir o cargo de presidente executiva do Yahoo! por um contrato de US$ 1 milhão por ano.

O inusitado da situação virou notícia em todo o mundo, principalmente pelo compromisso de Marissa em retornar ao trabalho apenas duas semanas após o parto. Missão que até Cláudia questiona. "Deixa nascer. Se ela for amamentar, por exemplo, é impossível ficar fora com 15 dias de vida do filho. Vai mandar o leite por e-mail?", brinca. "Não há milagre, mas também não deve haver extremismo. A gente entende a organização, mas a empresa precisa ser compreensiva."

Flexibilidade - É esse ceder recíproco que defende Renata Fabrini, sócia da Fesa, empresa de recrutamento de altos executivos. "Eu percebo as lideranças mais flexíveis e abertas mas, é óbvio, esperando uma contrapartida da mulher. Não dá para ter ingenuidade nesse sentido", avalia.

Ela conta que recentemente indicou uma grávida a um cliente e o processo só não progrediu porque a candidata desistiu da vaga. "Se houver comprometimento mútuo, não vejo por que isso não acontecer", defende. E alfineta um pouco mais: "Quinze dias após o parto, se há uma infraestrutura adequada, a mulher vai ao shopping e ao cinema com o marido. Por que não poderia ir à uma reunião? Acho que é preconceito, até."

Dilce Madureira concorda. Mãe de uma garota de 8 anos e de gêmeos de 4, ela não parou na licença-maternidade. "Não tenho paciência de ficar alheia ao mercado por tanto tempo", diz a gerente de vendas da Promega, uma empresa americana de biologia molecular.

Ela não foi ao escritório, mas a partir do 2º mês participou de tudo. "Eu ligava, envolvia-me nas decisões. Até poderia ter ficado de fora, mas sabia que tinha metas a cumprir e tinha em mente que minha participação influenciaria nisso. Se me oferecessem 6 meses em casa, eu não aceitaria."

Afastamento - Executiva de uma empresa de agronegócio alemã, Andrea Veríssimo discorda absolutamente dessa decisão. Quando seu filho nasceu, em 2005, emendou licença-maternidade com as férias. "Desliguei-me completamente e nada saiu do eixo com a minha ausência."

Para ela, o comportamento das mães reflete a posição da empresa. "Sinto uma diferença cultural. Organizações americanas cumprem os quatro meses obrigatórios. Já a maioria das alemãs aderiu ao recesso de seis meses."

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo
Por Ocimara Balmant / Veja

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