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terça-feira, agosto 14, 2012

"Os ingredientes da inteligência" Por Marcelo Ferroni

Como interferir na herança genética e no ambiente para melhorar o desempenho intelectual? 

A inteligência, qualidade humana mais valorizada pela sociedade, não é tão fácil de reconhecer. As mentes mais brilhantes que se debruçaram sobre o assunto não sabem dizer a receita da inteligência. Os pais, a escola, os genes são ingredientes decisivos do caldeirão de idéias que formam o cérebro dos gênios. Não há consenso, como também não há certeza sobre o chamado gene da inteligência.

Apesar disso, os cientistas não desistem de explicar a boa capacidade cognitiva de alguns. Um estudo mostra que o ambiente familiar acrescenta pouco ao QI das pessoas. A psicóloga norte-americana Nancy Segal, autora desse estudo tem um motivo particular para investigar o assunto. Ela é gêmea fraterna. Apesar de terem dividido o útero, o compartilhamento dos genes é o mesmo de irmãos biológicos.

Na tentativa de determinar aquelas características inatas do indivíduo e as que são adquiridas, a psicóloga se dedicou ao estudo dos "gêmeos virtuais", ou seja, crianças de idades aproximadas, educadas na mesma família, mas de parentesco diferente. Estudos comparativos de gêmeos não são novidade. A Universidade de Chicago foi pioneira ainda na década de 30, embora os experimentos ganhassem fôlego só na década de 60, com o reforço de ingleses e dinamarqueses.

Hoje se sabe que o desempenho intelectual tende a ser muito semelhante entre parentes próximos. Gêmeos idênticos – aqueles que têm a mesma carga genética – submetidos a testes obtêm resultados mais parecidos entre si do que os gêmeos fraternos. Além disso, gêmeos idênticos separados após o nascimento e criados em ambientes diferentes obtêm desempenho semelhante em provas que medem abstração, concentração e raciocínio.

Nancy Segal fez o caminho inverso, entrevistando "irmãos" sem parentesco biológico. Se os resultados dos testes de QI (quociente de inteligência) coincidissem, seria um sinal da forte influência do ambiente sobre a inteligência. Não teria sentido, então, a hipótese de que a capacidade intelectual nasce com o indivíduo. Ou melhor, é pré-determinada pelo DNA (o material genético de cada um), da mesma forma que a cor dos olhos ou o formato do nariz. Surpreendentemente, não foi isso o que aconteceu.

O estudo com 90 pares de gêmeos virtuais, publicado na revista Journal of Educational Psychology, mostra resultados díspares na maior parte – apenas 26% das respostas nos testes eram parecidas. "Ficou constatado que pessoas geneticamente diferentes, mas morando juntas, tem pouca semelhança. A pesquisa mostra que o ambiente familiar conta pouco no QI. Uma parte substancial da inteligência é construída pelas experiências pessoais e a herança genética." conclui Nancy Segal.

É apenas uma hipótese, mas confirma a suspeita de que filhos e netos de pessoas especialmente talentosas tem uma boa probabilidade de também serem bem dotados. O que não quer dizer que o inverso seja verdadeiro. Inteligência não é destino. Nem tudo na vida está ligado aos genes.

Por Marcelo Ferroni / Galileu / Foto Ilustrativa

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