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segunda-feira, outubro 22, 2012

"Carolina e Otávio" Por Paula Naime

"Sempre tive uma vida muito boa, estudei em bons colégios, fiz faculdade e fui uma adolescente muito bonita. Minhas amigas falavam que Deus tinha um amor especial por mim, pois sempre tive (e tenho) muita sorte na vida. Sempre conseguia aquilo que eu queria, e quando eu desejava o que não era o melhor para mim, Deus tirava do meu pensamento e do meu coração.

Sou uma pessoa de valores e com opinião própria. Há mais ou menos 10 anos terminei a faculdade de artes e acabei seguindo uma carreira profissional voltada para as pessoas com necessidades especiais. Simplesmente amo o que faço! Também coordenei um grupo de jovens que levavam adolescente com paralisia cerebral para passear nos finais de semanas. Íamos a festas, baladas, shows e fomos até na parada gay. Depois de um ano liderando este projeto, decidi deixar porque eu estava pagando para trabalhar. Apesar disso, era muito prazeroso.

Mais tarde, conheci um homem maravilhoso chamado Fabio - o amor da minha vida. Não consigo imaginar minha vida sem ele. Um ano depois que casamos, decidimos ter filhos. Tenho alguns casos gemelares na família, e eu sempre quis ter gêmeos. Na primeira tentativa, em janeiro de 2008, engravidei de gêmeos naturalmente. O Fabio ficou muito surpreso. Foi uma felicidade sem tamanho! Eu queria muito ter um casal e minha intuição dizia que eu teria. Então, já escolhi os nomes Carolina e Otávio. Minha intuição foi confirmada pelo médico, depois.

Tive uma gravidez tranquila, apesar ter tomado todos os cuidados que uma gravidez gemelar exige. Na 34ª semana eu estava com uma barriga enorme e no final de agosto, meus filhos nasceram. Carolina nasceu primeiro, de olhos abertos, linda! Apaixonei-me por ela no instante que a vi. Dois minutos depois, o Otávio nasceu, não chorou e foi direto para a UTI Neonatal, onde ambos ficaram por 12 dias.

Logo nos primeiros dias, achei estranho que Otávio dormia bem mais que a Carolina. Quando completaram um ano, procurei um neurologista que disse que não era para eu me preocupar, nem pediu exames. Quando eles estavam com quase dois anos, fui novamente ao neurologista. Carolina era uma menina linda, sapeca e já começava a andar. A alegria dela era atrapalhar as brincadeiras do irmão. Mas, percebi que ela não gostava de contato físico, então procuramos a neurologista Dra Conceição Campanário, que pediu um exame caríssimo, o Genoma*

Sexta-feira passada (18/10) chegou o resultado confirmando que a Carolina tem um cromossomo alongado que predispõe ao autismo. Meu mundo caiu! Minha princesa tem autismo...Passou muita coisa na minha cabeça. Eu desejei que ela tivesse uma vida normal, viagens, festas, namorados etc. Coisas que muito provavelmente, ela jamais fará. Um dia depois de ver o resultado desse exame, resolvi contar aqui a minha história. Estou pesquisando tudo que pode ajudar minha filha. Afinal, do luto à luta! Amo demasiadamente os meus filhos e aceitar a Carolina do jeito que ela veio, é a maior prova de amor que posso dar"

Paula Naime, mãe dos gêmeos Carolina e Otávio de 4 anos.

São Paulo / SP

*GENOMA - Triagem cromossômica molecular, um teste genético realizado pela Universidade de São Paulo (USP). Informações: genoma@ib.usp.br

2 comentários:

  1. Olá, acabei de ler seu depoimento, já ouviu falar do centro pro autista? http://centroproautista.org.br/portal/

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