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segunda-feira, novembro 19, 2012

"Como sair da sombra do irmão" Por Heloísa Noronha

(Foto Catharina Suleiman)

Entenda que o 'irmão perfeito' também tem defeitos!

"O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós", disse Jean-Paul Sartre (1905-1980). Pela lógica do filósofo francês, a melhor maneira de lidar com os problemas no caso desta reportagem, os da infância– seria usá-los a nosso favor. Complicado de colocar em prática, principalmente no caso de crianças que cresceram sendo comparadas com os irmãos pela família e, na idade adulta, tentam se desvencilhar do fato de terem sempre saído em desvantagem.

"Reverter esse processo é difícil, mas não é impossível", diz a psicóloga e terapeuta Letícia Dellazzana-Zanon, do Laboratório de Psicologia e Epistemologia Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo Letícia, esse sentimento de inferioridade é comum entre filhos de pais muito competitivos, que ensinam às crianças, mesmo que inconscientemente, a se relacionarem dessa forma. "Muitos, na tentativa de incentivar um filho que não vai bem na escola, por exemplo, acabam comparando seu desempenho com os daquele que sempre tira notas altas".

Para a psicóloga Marilia Castelo Branco da Universidade Federal do Estado de São Paulo, as relações com os irmãos são as primeiras que os seres humanos experimentam. "Através delas, as pessoas aprendem o que é amizade, carinho, raiva, inveja, ciúme... Essa mistura de sentimentos é perfeitamente normal", afirma. Segundo a especialista, os pais deveriam ser mais cuidadosos no trato com os filhos, respeitando sua individualidade e evitando criar expectativas de que um faça tudo igual ao outro, mesmo em famílias numerosas.

Porém, na tentativa de acertar muitos pais erram sem perceber. E aí os filhos que se sentem inferiorizados acabam se tornando adultos problemáticos, que continuam a viver e a nivelar as próprias escolhas e decisões em função do irmão. Como reverter isso? O ideal seria buscar em si não as mesmas qualidades e potencialidades que o irmão ou irmã tem, mas as próprias habilidades. Para Marilia Castelo Branco, reconhecer que a comparação provoca sofrimento é o primeiro passo. Sentir-se sempre inferior aos outros demonstra insegurança e não contribui para a sua evolução. "Em alguns casos, vale a pena chamar o irmão para conversar sobre o assunto.

Abrir o jogo sobre o que se sente é libertador. Isso pode ajudar, ainda, a ter um olhar mais realista em relação ao próprio irmão, uma pessoa que tem habilidades que você talvez não possua, mas que se sente inferior por coisas que você nem imagina”, diz a psicóloga da Unifesp. Essa atitude evita que a competição, velada ou declarada, atravesse gerações, por conta de prováveis disputas entre os primos, filhos dos irmãos.

Investir no autoconhecimento e na autoestima é a chave para lidar com uma infinidade de situações que a vida apresenta. Segundo Letícia Dellazzana-Zanon, que desde 2006 estuda a relação entre irmãos pela UFRGS, aprender a comemorar as próprias conquistas sempre funciona, mesmo que elas não sejam tão grandiosas quanto às do irmão aos olhos alheios. Também é fundamental valorizar os elogios recebidos.

Outra sugestão que vale a pena colocar em prática é perdoar quem quer que seja que tenha detonado o processo de comparação. (excelente dica!)

"Dê um novo significado aos fatos, se possível com bom humor. Se em uma reunião familiar alguém lembrar de alguma história da infância em que você saiu perdendo em relação ao seu irmão ou comparar seu carro velho com novo dele, seja o primeiro a rir, a comentar com bom humor sua versão. Não alimente o ressentimento", diz Marilia Castelo Branco. Por Heloísa Noronha / Mulher Uol

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