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quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Deyse Crystine e Dayse Crystiane de Campos

(Deyse e Dayse com a mãe, Ivonete Mendes de Campos)

“Certa vez, estava conversando com a professora e psicopedagoga argentina, Alicia Fernández e em dado momento eu disse: ‘eu tenho uma irmã gêmea’. Ela me chamou atenção para a questão da linguagem, dizendo que é raro um gêmeo dizer eu tenho um irmão gêmeo. A maioria diz ‘eu sou gêmeo’ – porque sua identidade se funde, se confunde e se associa a identidade do outro.

Ela percebeu um detalhe importante: ao falar "eu tenho" o gêmeo reconhece a identidade do outro sem sobrepor ou negar a sua exclusividade. Já ao falar "eu sou" é como se a sua identidade só é o que é em função da identidade do outro... Parece papo de doido, mas gêmeos sabem bem o que é isso de TER um irmão gêmeo e de SER gêmeo!

Isso foi relevante! Uma espécie de reconhecimento público da minha busca tanto pela valorização da existência semelhante quanto da existência exclusiva. Essa busca, obviamente, começou desde o nascimento, mas teve seu ponto alto quando minha irmã foi morar no exterior, onde ficou pouco mais de um ano.

Eu não sabia viver sem ela. E pior, não me sentia importante para as outras pessoas, tinha a impressão que só me sentia útil quando estava ao lado dela. Estava em crise! Fiz: terapia, novos amigos, novas escolhas, pratiquei yoga, saltei de paraquedas, mergulhei, cortei o cabelo, arrisquei a mudar o visual, aprendi a dizer não (embora ainda tenha preferência pelo sim). Segui alguns caminhos. Aprendi. De lá pra cá, acredito que amadureci um pouco e, principalmente, me senti gente de verdade. Feita de carne, osso e incoerências.

Minha mãe (Ivonete Terezinha Mendes de Campos) sempre quis ter gêmeos. Ela fez tudo que é simpatia para ter e teve. Meu pai (Sergio Klaar de Campos) fala pouco, mas acho que foi um susto, afinal, agora teria que pensar tudo em dobro. Meu irmão (Sérgio Klaar de Campos Junior) tinha 5 anos quando eu e minha irmã nascemos. Costumo brincar que ele não se recuperou desse trauma até hoje. Ora, foram cinco anos reinando absoluto e "de repente" ele perdeu o colo do pai e o colo da mãe de uma só vez.

Nascemos em 28 de setembro de 1976, somos univitelinas e na infância, vestíamos roupas iguais. Mas hoje, já adulta, refletindo sobre o assunto, cheguei à conclusão que é muito difícil não vestir igual, especialmente na infância – ainda mais sendo idênticas.

Situações pertinentes a padrões sócio culturais atingem ambas e em função da faixa etária, das semelhanças físicas, das normas, influências e até exigências da mídia e de consumo vão gerar um gosto comum. Sendo assim, é difícil selecionar roupas diferentes – mesmo sendo modelos iguais com cores diferentes. Até porque as crianças podem gostar das mesmas cores e estilos de roupas – sendo gêmeos ou não. O que vai ajudar os gêmeos a se diferenciar não está essencialmente na roupa ou ainda na separação de salas de aula.

O lado positivo de ser gêmea é que há uma sintonia maior entre nós. O lado negativo é a dificuldade para se construir a própria identidade, passando por uma forte cumplicidade com altas doses de competitividade.

Nosso relacionamento é bom, mas frequentemente eu me incomodo mais em algumas situações do que a minha irmã. Às vezes penso que eu privilegio a diferença e a minha irmã prioriza a semelhança, isso causa um curto circuito” Deyse

Deyse Crystine e Dayse Crystiane de Campos moram em Curitiba / PR

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