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sexta-feira, maio 03, 2013

"Mundo Plug" Por Rodrigo de Proença Guidi

Dedicado ao mundo dos gêmeos, blog Vizinhos de Útero completa 3 anos!

Há três anos, a paulistana Jemima Pompeu, motivada pela falta de conteúdo sobre o tema, decidiu criar o blog "Vizinhos de Útero". Fascinada com a temática, Jemima idealizou o projeto voltado aos gêmeos para reunir histórias, notícias e curiosidades sobre o universo gemelar.

Aos 44 anos, a autora do "Vizinhos de Útero" relembra a infância ao lado da irmã gêmea e a adolescência distante, pois a irmã decidiu estudar no exterior. O que no início pareceu ser bom, afinal ela teria o quarto e a atenção dos pais só para si, aos poucos foi se transformando em algo negativo e a ausência da irmã foi se tornando difícil para Jemima. Com inserções sobre o mundo, incluindo gêmeos famosos, a paulistana quer que seu blog se transforme num espaço de encontros. Em meio à comemoração dos três anos do "Vizinhos de Útero", Jemima conversou com o PLUG para falar sobre o blog, de suas expectativas e histórias sobre a conexão especial existente entre irmãos gêmeos.

Como surgiu a ideia de você criar o "Vizinhos de Útero"?

Sou gêmea e sempre achei o tema fascinante. Na adolescência, minha irmã foi morar no exterior e, depois disso, nunca mais convivemos. No início, foi muito bom, pois tive um quarto só meu, a atenção dos meus pais só pra mim e aos poucos fui conquistando minha individualidade também, porque as comparações foram diminuindo naturalmente. Depois de um tempo, senti a falta dela e percebi que não sabia lidar com sua ausência. Por isso, comecei a pesquisar outras histórias. No início de 2010, procurei na internet algum site ou comunidade onde eu pudesse encontrar depoimentos de gêmeos adultos, mas não encontrei. Então, em março do mesmo ano, a partir da minha história, decidi criar o Vizinhos de Útero com o propósito de reunir depoimentos de gêmeos adultos e familiares, assim como disponibilizar fotos de gêmeos famosos, informações, curiosidades e notícias a todos que apreciam o assunto.

Fale um pouco de sua história e de sua relação com seu irmã gêmea.

Nasci gêmea bivitelina em abril de 1969, numa época que não existia nem ultrassom. Mamãe ficou sabendo que eram dois bebês na hora do parto, e levou um grande susto. Na infância, brigávamos e brincávamos com a mesma frequência, mas era muito divertido. Usamos roupas iguais até os 12 anos, mais ou menos. Tivemos uma infância feliz, mas, aos 16 anos, minha irmã decidiu estudar no exterior e eu escolhi ficar no Brasil. Naquela época, não havia a facilidade de comunicação que tem hoje, não existia internet e telefone era muito caro. Com o tempo e a distância, os contatos diminuíram e cada uma de nós escolheu seu caminho. Hoje, o nosso relacionamento é basicamente virtual. Aprendemos a viver na distância. Ela apoia e acompanha o meu projeto com orgulho. Depois de três anos pesquisando tudo sobre o mundo dos gêmeos, percebi que a experiência de ter compartilhado o útero é sublime. Sinto-me muito abençoada, mesmo vivendo longe da minha irmã.

Há muito material que diz que um irmão gêmeo sente o que o outro sente ou quando o outro está aflito ou em perigo. Você já passou por isso?

A chamada "conexão especial" de que muito se fala não é comprovada cientificamente e não são todos os gêmeos que sentem. Mas vários relatos postados no blog demonstram que esses pressentimentos existem, sim. São sentimentos inexplicáveis mesmo. Como, por exemplo, uma noite sonhei que minha irmã estava presa num aeroporto e acordei aflita. Enviei um e-mail a ela, perguntando se estava tudo bem, mas ela só me respondeu 10 dias depois, contando que estava a trabalho no Equador, e que estava no hotel há dias, sem dinheiro nem passaporte, pois havia sido roubada. Ela aguardava a empresa regularizar sua situação para voltar pra casa. Isto é, sem saber onde ela estava, tudo o que ela sentiu sozinha naquele hotel no Equador, eu senti no Brasil.

Você vive profissionalmente do blog? Quais as suas atividades?

Ainda não, mas estou em busca de apoio ou patrocínio para continuar minhas pesquisas com mais tranquilidade. Enquanto espero, realizo alguns pequenos trabalhos em publicidade, mas minha prioridade é este projeto. Estou dedicada totalmente ao "Vizinhos de Útero".

Seu nome é diferente. Qual a origem dele? Como sua irmã se chama?

Nossos nomes tem origem hebraica. Jemima e Késia eram filhas de Jó na história bíblica, que consta no capítulo 42. Nascemos num lar cristão e papai gostava muito da história dele.

Você diz que, acima de tudo, o objetivo do "Vizinhos de Útero" é unir gêmeos separados. O blog já conseguiu alguma história nesse sentido?

O principal objetivo do "Vizinhos de Útero" é ser a ponte para que irmãos gêmeos desaparecidos possam se reencontrar. Pois, antes da nova lei de adoção, de agosto de 2009, que não permite que irmãos sejam adotados separadamente no Brasil, muitos gêmeos foram adotados por famílias diferentes. Alguns desses sabem que são gêmeos, mas não sabem onde estão seus irmãos. A única história pendente que tenho postada é de Colin Cadier. Todavia, é necessário que este projeto ganhe espaço na mídia nacional para que a população tenha conhecimento deste serviço – e assim, os irmãos que procuram seus cogêmeos escreverão contando suas histórias. Aproveito para deixar duas questões para reflexão. Quantos gêmeos há entre os 200 milhões de habitantes no Brasil? Por que a população gemelar não consta do Censo? Seria muito bom que todo cidadão gêmeo brasileiro tivesse a gemelaridade informada nos documentos de identidade e passaporte também.

Como foi a menção do William Bonner ao Vizinhos de Útero? E como você recebeu essa deferência?

No final de 2010, eu escrevi no Twitter algo assim: 'Ahhh, se o Tio Bonner conhecesse este projeto, seria um grande presente de final de ano pra mim'. Fiquei muito surpresa quando, em seguida, ele escreveu: "@vizinhosdeutero Tudo sobre gêmeos". Foi um presente e tanto. Não posso negar que o blog ganhou repercussão a partir dessa indicação generosa do jornalista William Bonner, pai de trigêmeos.

Você já foi contatada por algum gêmeo famoso em função do blog? Como foi?

Sim. O cartunista Paulo Caruso quis participar e mandou alguns textos e fotos que foram postados no blog. A atriz Suzy Rêgo (mãe dos gêmeos Marco e Mássimo) também entrou em contato, assim como o seu marido, o ator Fernando Vieira, gêmeo. E para minha alegria, ambos aceitaram meu convite e prefaciaram o livro "Vizinhos de Útero", lançado em abril de 2012, com 160 relatos de gêmeos adultos, famosos, anônimos e sobreviventes.

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