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quinta-feira, maio 16, 2013

Técnicas de reprodução assistida ajudam planejar a maternidade

(Janaína está grávida de Manuela e Bianca / Foto: Mauro Schaefer)

Com técnicas de reprodução assistida cada vez mais avançadas, as mulheres já inseridas no mercado de trabalho não ficam tão reféns do tempo e podem planejar a carreira e a vida pessoal com mais tranquilidade. "Elas tiram a carga natural de que a mulher tem pouco tempo e também dão mais poder sobre seu corpo", avalia a conselheira do Conselho Regional de Psicologia do RS, Lutiane de Lara. Reflexo disso é que a mãe madura é um fenômeno frequente.

"A queda na fertilidade começa aos 35 anos, em média, mas pode variar. Estamos passando por um período muito interessante de aumento da procura", esclarece a ginecologista Karla Zacharias, especialista em reprodução assistida. Na sua clínica, observa um crescimento de 15% nos últimos dez anos. Com o desenvolvimento da medicina, é possível uma mulher com 50 anos, na menopausa, engravidar. No entanto, a partir dos 40 há mais dificuldade para existirem óvulos próprios e a futura mãe precisa contar com uma doadora. "O relógio biológico não para. A mulher com 35, 36 anos que ainda não encontrou o parceiro, por exemplo, pode fazer o congelamento de óvulos".

A mulher, além de optar, em muitos casos, por ser mãe mais velha, escolhe por ter cada vez menos filhos. A taxa de fecundidade no Rio Grande do Sul passou, em dez anos, de 2,1 filho por mulher para 1,7, segundo o Censo de 2010 do IBGE. Essa redução é uma tendência em todo o Brasil, que baixou para 1,9 em 2010, número abaixo do chamado nível de reposição (2,1 filhos por mulher) que garante a substituição das gerações. O índice de gravidez na infância e adolescência não mudou nos últimos anos. Segundo o Censo de 2010, 0,02% dos nascidos no RS, tinham mães entre 10 e 14 anos, mesmo percentual registrado em 2000. "Temos mães de todas idades", analisa a psicóloga.

"A partir do século XX, com a industrialização e a urbanização, a mulher começou a ter a possibilidade de ocupar espaço no mercado e de fazer parte de outras áreas da sociedade. Isso traz grandes dificuldades, como a dupla jornada de trabalho. O fato de se sentir culpada por um ou outro — filho e trabalho — não é privativo da mulher. A própria sociedade é quem gera. Contudo, felizmente, a tendência é de que os homens assumam mais responsabilidades na função de pais e dividam o cuidado dos filhos com as mães. O movimento contemporâneo é de tirar a responsabilidade exclusiva da mulher". comenta Lutiane.

Outra tendência, segundo Lutiane, é uma mudança na suposta obrigação da fecundidade. "A sociedade liga a mulher à reprodução e, aos poucos, é possível perceber que nem sempre será mãe", afirma. Paralelo a isso tudo, está a relação com os descendentes. "Hoje há mais espaço para o diálogo entre pais e filhos e isso permite uma sociedade mais democrática. Embora traga dificuldade de dar limites, é positiva a relação mais igualitária entre pais e filhos", descreve.

Janaína Britzke Pinto, 39 anos, de Porto Alegre, tentou ser mãe por sete anos até conseguir engravidar de gêmeas. Manuela e Bianca devem chegar em setembro. "Fizemos fertilização in vitro três vezes. A primeira e a segunda não deram certo". Quando descobriu que na terceira esperava dois bebês, Janaína sentiu como se a notícia fosse um prêmio, uma recompensa por tudo que havia passado. Apesar de ter demorado ficar grávida, Janaína considera que as filhas nascerão na época mais adequada. "Agora eu tenho mais tempo, já conto com uma vida consolidada. Viajei, aproveitei. Com essa idade, terei mais conforto financeiro. Não me arrependo", explica.

Em 22 de setembro, quando completará 40 anos, Janaína já terá ganho seu presente de aniversário. Os planos são diversos para a dupla: "Quero ser uma mãe moderna, presente e participativa". O melhor é que o pai das meninas, Márcio Pinto, 34, também promete ser moderno. "Ele cozinha e ajuda em tudo. Sempre me apoiou. Vai auxiliar na educação das crianças", comemora.  
Por Karina Reif / Correio do Povo

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