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terça-feira, junho 11, 2013

Os estigmas 'maldoso' e 'bonzinho'

"Passei três anos com Arthur batendo no Gael. Ele tinha um jeito de falar 'você tá me batendo por quê?'. Sempre questionou, mas nunca revidou. Eu tenho sentido que há duas semanas ele está mais agressivo, na escola também, cansou de ficar quieto mesmo eu falando para nunca revidar", afirma a mãe do gêmeos Débora caram de Belo Horizonte (MG).

(Os gêmeos Gael (esquerda) e Arthur. "A criança que bateu costuma se sentir aflita, experimentar culpa e medo dos adultos, e já acontecido o fato, de nada adiantam os 'não pode' e 'isso é muito feio'... Quem sabe, podem ser trocados por 'eu não achei bom o que você fez', 'você viu que ele chorou?' Enfim, é preciso colocar palavra no que foi vivido pelas crianças". A sugestão é da especialista Dineia Domingues)

Pais e especialista analisam o bate-apanha entre crianças para além dos estigmas de maldoso e bonzinho.

Em entrevista, a psicóloga, ativista e professora Dineia Domingues aborda a importância da escuta e do afeto, o ponto de vista da criança, a relação entre família e escola, bullying e o papel de um profissional especializado.

"Sou a mãe do que bate e do que apanha, não só entre eles, mas também na escola e com os amigos. Eles são o extremo oposto um do outro apesar de a educação, o pai, a mãe e a casa serem os mesmos e tem mãe que olha torto para mim…", declara Débora Caram. Ela diz que sentia que o filho era agredido porque invadia o ambiente do outro. "O Gael apanhava, mas provocava. Ele sempre foi de querer ficar muito perto, pegar no colo, dividir o mesmo brinquedo. Ele punha a mão no brinquedo do outro e apanhava. Ele não entendia que não podia chegar tomando o brinquedo", relata.

Dineia reforça o argumento: "as crianças querem é um brinquedo de que gostaram e que veem na mão do outro, ou querem pegar algo, uma roupa, um lanchinho, por exemplo, que pensam que é seu porque têm do mesmo tipo, ou gostam". Na faixa etária de Gabriel, os apelidos também são razões para briga. As mães acreditam que uma palavra pode magoar muito mais. "Um amiguinho que diz “eu não gosto mais de você” machuca mais que a coisa de bater", reforça Débora.

Débora Caram não acredita que um encontro entre as famílias é um caminho para solucionar esse incômodo. "Não acho que os pais têm que conversar, fica o estigma e pode virar briga de adulto. Uma semana o seu apanhou, na outra semana é o contrário. Se o comportamento está se repetindo pode ser que outro fator esteja interferindo. A professora precisa ficar atenta, mediar o conflito e avisar os pais", acredita.

A professora Dineia Domingues acredita que a opção só é válida se houver confiança entre as partes e se as feridas estiverem fechadas para que a conversa flua franca e aberta. "Acredito ser mais interessante conversar com mais frequência e não (apenas) nos momentos de crise maior. É importante lembrarmos de como são diferentes os modos de viver e as maneiras de pensar em cada família e que as crianças estão convivendo com diferentes visões de mundo cada vez mais cedo", diz.

A psicóloga, ativista e professora Dineia Domingues acredita que apesar dos desafios que envolvem a educação de uma criança, a disposição para a conversa e o compartilhamento de experiências é um ótimo exemplo para os filhos. Em entrevista ao "Saúde Plena" ela aborda a importância da escuta e do afeto, o ponto de vista da criança, a relação entre família e escola, bullying e o papel de um profissional especializado. Por Valéria Mendes / Saúde Plena

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