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sexta-feira, setembro 27, 2013

Até onde ir à busca pela babá ideal?

Foto Ilustrativa
Comprovações de referências e até investigação sobre o dia a dia das candidatas fazem parte da procura por uma profissional. Saiba agir sem extrapolar limites do respeito e das leis:

Por menor que seja a quantidade de horas por dia em que os pais necessitem de ajuda para cuidar dos filhos, escolher uma babá é uma tarefa que pode causar preocupação e insegurança. Não é para menos: além dos pais confiarem o que têm de mais valioso – as crianças – a uma pessoa 'de fora', a todo momento surgem casos de flagrantes de maus tratos praticados contra os pequenos por profissionais mal-intencionadas. Para sair de casa com a tranquilidade de que os filhos estão sendo bem cuidados, pais e mães lançam mão dos meios que têm à disposição para contratar as candidatas ideais para sua família.

Os mais usuais são a indicação de amigos ou familiares e, de uns anos para cá, as agências de babás. Nestes casos, mesmo que as credenciais da potencial escolhida sejam boas, é comum os pais quererem conversar com os antigos patrões da candidata sobre sua personalidade e seu histórico na casa. "Cerca de 90% deles ligam para os telefones fixos dos empregadores anteriores. Nós checamos as referências e contatos e passamos a eles", conta Renata Simonetti, diretora da agência Alô Babá. "Esse feedback é importante até para saber se estão diante de uma pessoa mais sensível ou mais durona, como lidar e falar com ela".

Ainda pouco conhecido no Brasil, outro caminho é a investigação particular de referências, hábitos e círculos familiares e sociais das profissionais. O trabalho é diferente daquele realizado por detetives, como esclarece Rosângela Cruz, investigadora da Sewell, empresa que realiza esse tipo de trabalho. "Um detetive apresenta provas apenas; tira fotos que mostrem um deslize e acaba ali seu trabalho. Na investigação, fazemos um trabalho abrangente de checagem não somente de currículo e situação legal da pessoa, mas também de comportamento, de quem a rodeia. Entregamos um relatório detalhado para os clientes", afirma.

Qualquer que seja o modo escolhido, os pais precisam ficar atentos para não infringir a lei. O advogado Eli Alves da Silva, presidente da Comissão de Direito do Trabalho da Ordem dos Advogados do Brasil-São Paulo (OAB-SP), explica: "Se houver restrição ao acesso ao trabalho por algo como os lugares que frequenta, a babá preterida pode abrir um processo contra esses pais por danos morais e materiais. A rigor, ela só deve satisfações sobre o que faz durante o horário de trabalho, não em suas horas livres".

Tradicionais - A gerente de vendas Juliana Cardozo contou com a indicação de uma prima para contratar a babá que cuida de seu filho desde quando ele tinha seis meses de idade. "Ela veio recomendadíssima, mas eu quis checar por conta própria. Eu nunca havia conversado com ela até a primeira entrevista, como a colocaria dentro de casa assim, de cara?", questiona.

Além de telefonar para empregadoras anteriores à prima, Juliana monitorou a página do Facebook da candidata por duas semanas. Ela se justifica: "Precisava saber se ela era baladeira, por exemplo. Sei de histórias de babás que não aparecem para trabalhar na segunda-feira alegando doenças, quando na verdade estão de ressaca. As pessoas se revelam na internet". A moça foi contratada e, hoje, tem a confiança irrestrita de todos da família. "Ainda bem que deu certo, porque não entrevistei mais ninguém para a vaga", comemora.

Atualmente dedicada exclusivamente à criação das filhas Marianna, três anos, e Juliana, um ano, Izadora Meyer, fundadora da rede social mamaes.com, teve experiências diferentes. Ela lembra um episódio que classifica como 'uma tremenda furada' sobre uma indicação que recebeu certa vez: "A candidata me disse, por telefone, que havia saído de uma família que morava no mesmo prédio que nós. Depois da entrevista pessoalmente, meu marido me falou que não gostou dela e insistiu que eu conversasse com a outra mãe. Descobri que se tratava de uma vigarista que roubou, mentiu, causou confusão com a moça que trabalhava na casa há anos".

Para evitar chateações semelhantes, Izadora preferiu recorrer a uma agência de babás para encontrar profissionais com o perfil que desejava (com estabilidade na casa anterior, de preferência que tivessem saído porque as crianças cresceram). "Confiei no que me apresentaram e chequei as referências dos currículos. E, pra ser sincera, acho que coração e intuição ajudam muito. Deu certo", afirma ela, que conta com uma babá para cada filha.

Agências sérias não encaminham candidatas nem entregam dados que não sejam confiáveis para os pais. "A documentação delas é checada em 72 horas. Já as referências dependem muito da disponibilidade dos ex-empregadores, mas vale a pena esperar, já que os empregos anteriores montam a história dessa profissional", diz Renata Simonetti. Ela revela que o maior trabalho desse processo é filtrar as recomendações falsas. "Normalmente nem são crimes, mas é comum colocarem telefones de amigas ou parentes que falem bem delas".

Para alguns, no entanto, esse tipo de averiguação não é suficiente. É aí que entra em cena a investigação particular. Depois de duas passagens traumáticas, o advogado Claudio Camargo Penteado, pai de Felipe, de nove anos, e dos gêmeos Max e Leonardo, de quatro anos, não abre mão desse serviço. "A primeira funcionária que contratamos era uma babá-enfermeira que entrou no meu quarto de madrugada, completamente alterada, na terceira noite em casa. Depois disso descobri que ela havia sido demitida de um hospital por problemas psicológicos. A outra colocava remédios para dormir nas mamadeiras dos meninos", recorda.

Com relatórios de investigação em mãos, Claudio já deixou de contratar duas candidatas a babás e escolheu outras duas. "Tive meus motivos. Há quem diga que é bobagem, mas estamos falando de quem cuidará dos meus filhos, e nada é mais precioso que eles. Quem acha bobagem pode contratar às cegas. Da minha parte, considero um investimento que vale muito a pena, porque me traz paz". Em uma empresa como a Sewell, o preço desta paz é cerca de R$ 1500 por investigação.

Patrício Sewell, diretor do negócio, lista os problemas mais comuns encontrados quando uma candidata é investigada: "São mentiras nas informações, nas referências, no endereço residencial ou, mais frequentemente, pessoas dos círculos de convivência que podem representar um risco à família". Com base em observação minuciosa que dura de 10 a 30 dias é montado um relatório. "Entregamos ao cliente com a nossa recomendação. A decisão é sempre dele; se reprovarmos a moça, mas ele quiser contratá-la, é por sua conta e risco".

A investigadora Rosângela Cruz ressalta que seu trabalho é legal: "Não invadimos a privacidade de ninguém, porque seguimos na rua e em lugares públicos, nunca vamos para dentro da casa da candidata ou de seu namorado. Mas precisamos saber quem são essas pessoas. Às vezes, a profissional tem a ficha limpa, mas é envolvida com um cara barra pesada. Não é raro isso causar problemas, porque ela pode ser forçada a ceder um acesso". Patrício complementa: "Não colocamos grampos em telefones, isso é ilegal. Mas instalamos câmeras em lugares visíveis nos cômodos permitidos – todos, menos os banheiros – nas casas que já estão com a babá em período de experiência, por exemplo".

Eli Alves da Silva, da OAB-SP, alerta para os cuidados que os pais devem ter para, no afã de tentar se prevenir contra tudo, não extrapolarem os limites da legalidade. "Seguir uma pessoa não é contra a lei, mas se houver excesso, se atingir a liberdade dessa potencial babá, pode ser caracterizado o dano moral. Querer saber se o namorado é isso ou aquilo passa do limite do poder disciplinador do empregador", afirma. E tem mais: "Se ficar comprovado que a mãe discriminou uma candidata depois de investigação, é ela que é caracterizada como agente e responde por isso em um eventual processo, não a empresa".

A melhor solução para contratar com segurança e sem medo de incorrer em ilegalidade, na opinião do advogado, é conversar com os empregadores antigos ou, no caso de a pessoa não ter experiência, com quem possa falar sobre ela. Instalar câmeras de segurança nos cômodos em que a babá circule (menos no banheiro, não custa reforçar) também é uma boa estratégia para acalmar os pais. "Preferencialmente, a funcionária deve saber que essas câmeras existem. É importante, inclusive, comprovar a ciência dela sobre o assunto por escrito, em documento assinado pelas duas partes", aconselha.
Por Raquel Paulino – Portal iG São Paulo

Um comentário:

  1. Oxalá! Espero que muitas pessoas tenham ideia que a babá não é uma máqquina como muito pensam. Alguns acreditam que devem ser como a emrpega dos Jetsons. Há uma linha de respeito para com elas, sim.

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