Quando decidiu engravidar, a arquiteta Grasiella Drumond, 33 anos, já tinha algumas noções do que era o parto humanizado e acreditava ser a melhor forma de ter o primeiro filho. Mas a ideia ganhou um tom de incerteza quando ela descobriu que, em vez de um, teria as gêmeas Iolanda e Margarida. "A primeira coisa que pensei foi se poderia ter o parto normal. Se existia algum tipo de implicação que prejudicasse a segurança delas", lembra.
O primeiro médico — indicado por fazer partos humanizados — disse que não faria o procedimento. "Achei que teria alguém para me apoiar. Nunca fui radical, mas busquei informações e sabia que era possível". O segundo obstetra confirmou a convicção de Grasiella. "Eu queria respeitar o nascimento delas, esse era o ponto primordial. Sabia de algumas complicações e de que precisaria ficar atenta".
Diferentemente do que domina o imaginário popular e do que pregam alguns profissionais, os riscos de mortalidade e morbidade (incidência de doença) fetal ou materna em partos de gêmeos ou múltiplos, não diferem significativamente entre o parto vaginal e a cesariana planejada, em situações ideais. Cientistas de 25 países, inclusive o Brasil, formaram o Grupo Colaborativo do Estudo de Nascimento de Gêmeos. O esforço internacional teve como objetivo reunir um número substancial de gestantes em condições ambientais diferenciadas para que os dados pudessem representar os riscos reais dessa população. Entre os poucos requisitos, a gravidez múltipla deveria estar entre 32 semanas e 38 semanas e 6 dias — período ideal para o parto de gêmeos. O primeiro bebê também precisava estar em posição cefálica — quando a cabeça do feto se encontra mais próxima da bacia materna —, vivo e com peso médio entre um quilo e meio e quatro quilos.
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