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sexta-feira, maio 21, 2010

Cimara Cláudia e Cláudia Cimara

(Foto de Bella Lanzillo)

“Minha infância foi muito agitada, afinal já nasci "duas" e depois vieram mais irmãos. Aprendi que viver entre irmãos era minha vida. Mas eu e a Cláudia sempre, desde que me lembro, somos uma só. Mesmos gostos, mesmas vontades.

Entramos juntas na escola e saímos juntas de lá, não reprovamos e nem trocamos de sala. Muitas vezes nem precisávamos de amigos, a gente se bastava. Eu não tinha amigos. Nós tínhamos amigos e então amiguinhos guardando segredos com uma, guardava segredo com a outra, mesmo que não soubessem.

Meus pais contam que quando eu era bem criança, bati e cortei minha cabeça na cabeceira da cama brincando com ela. A primeira coisa que ela me disse quando viu meu curativo foi: ‘Quero um também’! Por isso, a chamo de ‘imitona’.

Fizemos muitas coisas iguais: sem querer, sem falar, sem pensar. Até para esquecer algo, esquecemos ao mesmo tempo. Nossa grande paixão é desenhar. A partir dos oito anos, passamos a nos dedicar mais aos desenhos.

Fomos aprimorando porque não era só vontade de criança, é a nossa vocação mesmo. Brigávamos muito quando eu tentava ‘consertar’ os desenhos dela – queria fazer melhor. Mas, ela dava o troco e hoje sabemos que aprendemos muito uma com a outra, do contrário não chegaríamos ao nosso nível.

As pessoas admiram nosso trabalho, inclusive pelo fato de ambas termos o mesmo talento. Sempre amei a companhia dela. Tenho outros irmãos, poderia mover mundos por todos, mas pela Cláudia sou capaz de muito mais. Sempre tive cuidados especiais com ela.

Eu era mais irreverente nas questões familiares. Sempre bati de frente com minha mãe, mas pela Cláudia me refiz. Na pré-adolescência, achávamos muito mico usar roupas iguais – então, passamos a nos vestir cada uma do seu jeito. A fase dos namoricos foi a mais difícil. Eu não confiava nos meninos que se aproximavam dela, e ela idem.

Hoje eu moro com meu marido no Rio de Janeiro e ela mora no Rio Grande do Norte com parte da família que se dividiu. Nossa mãe e os outros irmãos moram longe, mas eu aprendi a lidar com a distância deles. O que me dói mesmo é ter que lidar com distância da Cláudia.

Moro no Rio por opção, mas gostaria de estar perto dela. De qualquer forma, nos falamos com freqüência ao telefone ou internet. Cláudia é minha alma, meu espelho, minha alegria, meu coração maior. Eu a amo!” @ayakaoru

Cimara Cláudia Elias da Silva gêmea de Cláudia Elias.
Nilópolis / RJ

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