Confira as dicas dos especialistas para lidar com o desafio de criar filhos gêmeos:Se um filho dá um trabalhão, imagine quando são gêmeos. Tudo é multiplicado: roupas, berço, enxoval, equipamentos, cuidados... O lado bom é que a alegria também chega dobrada. Além disso, para os pais, há sempre as vantagens de criar mais de um filho de uma só vez. A questão é conseguir adaptar-se, reorganizar a rotina, as tarefas e as contas. A apresentadora Fernanda Lima, mãe de gêmeos que completam 3 anos em abril, diz que quando se consegue passar bem pelos primeiros seis meses, depois é só alegria.
Kátia Denis Kleparde passou muitos apuros com as filhas, Andreza e Adriana (foto). Quando descobriu que estava grávida, tinha 17 anos e o então namorado, 24. Souberam que eram gêmeos no 3º mês de gestação. Foi um susto. Casaram rápido e as filhas nasceram prematuras, no dia do seu aniversário. Andreza e Adriana de 13 anos, adoram fazer tudo juntas e dizem que não se veem tão parecidas. O curioso, dizem, é que quando vão às compras, cada uma vai para um lado da loja. Mas, quando se dão conta, pegaram peças iguais de cores diferentes.
Outra mãe de gêmeos é a psicóloga Sâmara Jorge. Durante a gravidez, buscou ajuda e informações na literatura, mas foi em vão. Essa necessidade acabou tornando-a uma especialista no tema filhos múltiplos. Hoje, assina coluna em uma revista segmentada, atende a pais e filhos gêmeos em seu consultório e, em breve, lançará um livro. A experiência pessoal e profissional da psicóloga mostra que é muito comum os pais de múltiplos verem os filhos como um bloco. Assim como as pessoas que convivem com a família.
Sâmara afirma que é importante que cada um dos filhos tenha um olhar para si e que eles não se vejam como parte de uma coisa. "É preciso olhar cada filho como uma pessoa única, mesmo que eles sejam idênticos", diz. Embora os gêmeos sejam parecidos, eles não foram produzidos em série, explica o pediatra Leonardo Posternak, um dos autores do livro Filhos Gêmeos. As comparações, ele esclarece, serão o ponto de partida para confusões e conflitos. E quando isso acontecer, os pais devem preparar as crianças.
Para os pais, o desafio ainda é ajustar o tom entre manter a individualidade sem perder os laços. Embora os gêmeos realmente não sejam um bloco, não é a distância que vai personalizar cada irmão. A educação familiar, esta sim, pode fazer a diferença. A receita, portanto, pede tolerância, bom senso, amor e, quando necessário, rispidez. O estímulo para que as crianças se tornem adultos independentes, garantem os especialistas, depende da dosagem equilibrada desses ingredientes. Por Cristiana Vieira / Estadão / Foto Felipe Rau
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