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terça-feira, março 22, 2011

"Gilberto e Geraldo" Por Kátia Duarte Coelho

"Jemima, quando te contei sobre meu pai e tio, não imaginava que seria uma oportunidade de rever fotos e histórias da minha família. Eles são o único caso gemelar na família, até o momento. Celeste do Nascimento Coelho, minha avó, estava com 24 anos e já tinha um filho de 1/5 de idade, quando num domingo de carnaval (19/02/1950) ela entrou em trabalho de parto e mandaram chamar a parteira, Dona Benedita.

Às 07:30 horas nasceu meu tio (Geraldo). Enquanto a parteira cuidava dele, vovó continuava a sentir contrações. Minha bisavó ficou preocupada e pediu então que Dona Benedita verificasse o motivo das contrações. Todas ficaram surpresas, pois tinha mais um bebê!! Às 09:00 horas nasceu meu pai (Gilberto).

Recentemente, pouco antes de vovó falecer, ela comentou que quando estava gestante, não imaginava o sexo do bebê e que os nomes foram escolhidos logo após o nascimento, pela parteira!! Pode? A lembrança que meu pai tem da infância é deles brigando, disputando tudo.

Meu pai fazia de tudo para irritar meu tio: roubava chupeta, mamadeira, comida etc. Eles brigaram durante a infância e a adolescência, até que um dia meu pai pensou que esse irmão era parte dele, e que daquele dia em diante ele não ia mais brigar. E assim foi a partir desse dia eles passaram a ser amigos...

O que eu tenho para contar como filha e sobrinha: Gêmeos bivitelinos, eles era bem diferentes, tanto na aparência quanto na personalidade. Meu tio era baixinho, gordinho e emocional. Meu pai era alto, magro e mais racional. Não lembro de ver meu pai e meu tio brigarem, realmente a decisão do meu pai foi séria, pois sempre vi eles se tratarem bem.

Uma coisa muito engraçada, é que ambos dormiam do mesmo jeito: encolhidos balançavam bastante na cama. Meu tio não se casou, morou sempre com a minha avó. Morávamos todos no mesmo condomínio, e pra mim e para os meus irmãos, o tio Geraldo sempre foi um segundo pai (não que meu pai tivesse sido ausente), mas ele completava meu pai.

Lembro-me de pedir brinquedos e roupas para os DOIS nos natais. Quando tinha festinha na escola, ia meu pai, minha mãe, e meu tio. Ele participou da nossa criação.

Infelizmente, quando eu tinha 14 anos, o tio Geraldo faleceu aos 39 anos de AIDS. Ele era homossexual e nunca ouvi uma palavra de ofensa ou discriminação por parte do meu pai em relação à opção sexual do tio Geraldo.

Toda a minha família sofreu preconceito na época, pois havia muita desinformação a respeito dessa doença. Meu pai foi quem o levou para o hospital no dia que ele morreu. E foi o último a falar com ele. Meu pai, Gilberto Coelho está com 61 anos e nasceu na capital paulista”

Kátia Duarte Coelho Gonçalves é dona da KelBaby cujo logotipo é um coelho. Por que será? Ela é orgulhosamente filha de Gilberto e sobrinha de Geraldo Coelho.

São Paulo / SP

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