Risco de depressão pós-parto é maior para mães de gêmeos. Entre as hipóteses para isso está a maior exigência física e emocional, segundo a psicóloga Gabriela Andrade Silva, pesquisadora da Universidade de São Paulo.Na sua pesquisa de mestrado, ela avaliou alguns fatores que levam ao desenvolvimento do transtorno. Constatou que a sensação de impotência e insegurança podem ser determinantes. Gravidez de gêmeos é uma gravidez mais complicada. É mais provável que a mulher pense que não terá suporte emocional, familiar e financeiro suficiente.
"Outra explicação da ginecologista Carolina Ambrogini, da Universidade Federal de São Paulo, é a variação hormonal. "Grávidas de gêmeos têm mais hormônios durante a gestação. O desequilíbrio depois do parto é ainda maior."
Cerca de 12% das mulheres têm depressão pós-parto.O transtorno pode começar logo nas primeiras semanas ou até um ano depois do nascimento do bebê. "A duração e a intensidade dos sintomas variam muito e não devem ser confundidas com as de "baby blues", tristeza que dura de quatro dias a duas semanas e afeta cerca de 50% das mulheres.
Os sintomas da 'baby blues' são mais leves. Ela sente um pouco de irritação pela privação do sono e pelo cansaço, mas a sensação passa sozinha", diz Joel Rennó Junior, psiquiatra da USP. Na depressão, além do cansaço e da melancolia serem mais fortes, pode acontecer da mãe perder o interesse pela criança e ou, cuidar excessivamente do bebê e perder interesse por outros filhos.
"É muito comum a mulher ter um sentimento ambivalente. Ela quer e não quer estar estar com a criança. A culpa é muito forte em todos os casos. Reconhecer o problema e procurar ajuda, são determinantes para garantir a saúde do bebê e da mãe", explica Amaury Cantilino, psiquiatra e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco. Por Juliana Vines / Folha de São Paulo
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