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quinta-feira, maio 05, 2011

"Igualmente Diferentes" Por Mari Hart (Mãe Polvo)

(Pai Ciro, mãe Mari, Filhos: Pedro, Leo e Stella)

Acredito que mulher alguma quando engravida naturalmente, imagina ter gêmeos. E se essa mulher não tem casos gemelares na família, então a surpresa é ainda maior – como foi no meu caso. Digo "a mulher" e não "o casal" porque quando a gemelaridade é genética, vem sempre da parte da mulher e não do homem.

Não existe coisa mais fantástica e fascinante do que gerar gêmeos. Sinto-me uma mulher super poderosa por ter sido capaz de gerar duas vidas ao mesmo tempo. Toda mãe sabe o quão é difícil carregar durante nove meses aquele pequeno ser que chuta, roda, nada, se alimenta etc. E quando são dois ou mais então?! Não é pra qualquer uma!

Assim como eu, toda mulher que é mãe de múltiplos se sente especial, abençoada. Mas uma gestação gemelar não são só flores. Ao contrário. É uma gravidez de risco e requer cuidados. A mídia mostra o lado “romântico” de se ter gêmeos, como se fosse sinônimo de plena felicidade.

Gêmeos na antiguidade significava prosperidade, alegria. E não deixa de ser, mas a realidade é outra. É preciso a família se adaptar a nova rotina, onde tudo é multiplicado. Adaptar o espaço físico, o orçamento e a ajuda extra – tão necessária. É preciso também estar preparada psicologicamente para as adversidades como a prematuridade muito comum nestes casos.

Leo e Pedro nasceram dia 31 de dezembro de 2006. Ambos foram para a UTI NeoNatal. Leo desenvolveu PARALISIA CEREBRAL do tipo tetraplegia espástica. Eu senti a pior das dores. Senti-me a mais incapaz das mulheres, por não ter sustentado meus filhos no ventre o tempo suficiente para uma formação saudável, apesar de todo cuidado e repouso nas 33 semanas. Sem dúvida o dia mais triste e frustrante de toda minha vida.

Quase um mês depois, veio o dia mais feliz. Fiz questão de sair da maternidade com ambos nos braços, para sentir o que era ser uma mãe de gêmeos de verdade, com um sorriso que não cabia em mim! Mal sabia eu o que ainda me esperava.

Os primeiros meses eu beirava a insanidade. O super papai trabalhava até 18hrs/dia para poder sustentar essa filharada toda! Lembrando que eu já tinha a Stella, nessa época então com quase 7 anos. As mamadas tinham de ser anotadas em um caderninho, para que nenhum deles passasse fome.

O pior era a hora de dormir: Quando um pegava o sono, o outro chorava e acordava o irmão. Foi uma luta e ainda é, porque cuidar de gêmeos não é moleza – ainda mais quando um deles vem ‘com defeito’. Eu sabia que Leo teve hemorragia intracraniana ao nascer, mas ninguém nunca disse que ele desenvolveria paralisia cerebral.

Hoje lembro dessa época, não com saudade, mas com melancolia. Uma época dura, de aprendizado, e posso dizer com todas as letras: Valeu a pena! Sinto me privilegiada de sonhar, de desejar tudo isso e realizar no Pedro. Pode parecer egoísmo, mas no meu entendimento, Pedro veio pra aliviar a dor.

Nunca tive gêmeos na família e muito menos fiz tratamento de fertilização, então ele veio de brinde! Eu tinha um bebê que precisava de cuidados especiais, mas ao mesmo tempo, tinha também um bebê saudável e ativo.

Tenho dois anjos: Leo, um especial que veio me mostrar o verdadeiro significado da vida e Pedro que veio trazer leveza do sofrimento que é ter um filho tetraplégico. E amo ver como eles são tão diferentes! Estou realizada. Só tenho a agradecer. E continuo me sentindo poderosa. O poder divino de ser mãe!
Por Mari Hart, uma Mãe Polvo

A Mari já enviou seu relato aqui, assim como seu marido Ciro.

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