Gêmeas recebem células tronco de um só cordão umbilical
As gêmeas Letícia e Luana, nascidas em Cuiabá (MT), tem mais uma coisa em comum do que os outros irmãos univitelinos do resto do mundo: elas receberam um transplante de células tronco tiradas de um mesmo cordão umbilical.
O compartilhamento de células de um cordão só é inédito no Brasil e, segundo os médicos responsáveis pelo tratamento, não há registro de caso igual no mundo.
As meninas tem uma doença raríssima chamada linfohistiocitose hemofagocítica hereditária. A doença que atinge 1 em 50 mil nascidos vivos é fruto de uma alteração genética hereditária que altera uma célula chamada histiócito.
Essa célula tem como função "limpar" a medula óssea, que fabrica as células do sangue. Mas, em quem sofre da doença, o histiócito tem uma atividade enlouquecida e engole células do sangue, como os glóbulos vermelhos.
Isso leva à falta dessas células, causando anemia, alterações no sistema imune e até danos neurológicos, como explica o hematologista Nelson Hamerschlak, coordenador da unidade de transplante de medula óssea do hospital Albert Einstein. Se a doença não for tratada, o paciente não sobrevive.
A mãe, Gracieli Dutra da Silva, conta que só Letícia ficou doente. O estado grave de saúde da menina levou os médicos a transferi-la para São Paulo. As duas foram, então, para o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, onde receberam o diagnóstico e ficaram internadas de maio a agosto de 2011.
Apesar de Luana não ter tido sintomas, ela também tem a doença, porque tem o mesmo código genético da irmã. Em casos mais leves da doença, que se manifestam mais tarde, é possível um controle com remédios. No caso delas, a solução era mesmo o transplante. O doador foi encontrado nos EUA. Como as meninas são gêmeas univitelinas, o doador foi compatível para as duas.
Antes do transplante, as meninas foram submetidas à quimioterapia para matar as células da medula óssea. Só depois disso é que as células-tronco foram infundidas. O transplante foi feito dia 16 de novembro de 2011 e seu sucesso foi constatado um mês depois. As meninas voltaram para Cuiabá, para comemorar em casa, o primeiro aniversário.
Por Débora Mismetti / Foto Letícia Moreira / Folha SPaulo
O único acervo online no Brasil, dedicado aos gêmeos adultos e familiares, criado em março de 2010 com o propósito de reunir todos os tipos de histórias de gêmeos (adotados, sobreviventes, univitelinos, bivitelinos, siameses etc). O principal objetivo é encontrar gêmeos desaparecidos. Você é gêmeo (a) ou tem gêmeos na família? Envie sua história por e-mail: vizinhosdeutero@gmail.com
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