A cabeleireira Elza de Fátima Pereira, moradora de Araguari, no Triângulo Mineiro, passou por um drama difícil. Em dezembro de 2011 ela deu luz a trigêmeos e, por conta da falta de estrutura na cidade, teve que ser levada para Patos de Minas, no Alto Paranaíba.
E foi em uma cidade estranha que ela contou com a solidariedade de uma desconhecida e viveu um milagre. Sem lugar para ficar e com a dor de ter perdido um dos bebês, acabou ganhando um lar provisório e uma amiga. Elza voltou para a casa depois de mais de dois meses de espera, só em março de 2012. Ela sempre foi alertada sobre a gravidez de risco e em momento algum desistiu da vida dos trigêmeos que gerava.
Mas quando entrou em trabalho de parto e, não pôde ser atendida na cidade dela, foi levada pelo cunhado para Patos de Minas, onde ficou por dois meses. Um dos filhos infelizmente morreu e os outros dois - prematuros com apenas 29 semanas de gestação - tiveram que ficar internados na UTI Neonatal.
Segundo Elza, naquele momento não foi possível pensar em outra coisa senão ficar preocupada com os filhos que poderiam morrer a qualquer momento. "Cheguei a Patos de Minas e não pensei em mais nada, apenas na vida deles. O médico não me deu esperança, disse que eles morreriam. Minha mãe, que me acompanhou, ficou ainda mais tensa, chegou a dormir na porta do hospital".
A família não tinha condições de arcar com despesas de hospedagem e alimentação, não conhecia a cidade, nem tinha familiares e amigos que pudessem oferecer apoio. Foi então que, acompanhando a história de Elza pelo noticiário local, a dona de casa Vera Lima prestou solidariedade e ofereceu um lugar para Elza ficar pelo tempo que fosse preciso.
"Eu agradeço muito pelo que ela fez por mim. Hoje em dia é muito difícil a gente encontrar pessoas boas e dispostas ajudar. Ela não me conhecia, eu era uma estranha e mesmo assim ela me recebeu em sua casa", agradeceu. Ao ser questionada sobre o que ficou de bom em 2012, Elza não hesitou em agradecer novamente.
"Eu comecei o ano acreditando que perderia meus filhos, fui desenganada por especialistas e hoje eles estão aqui comigo, fortes. Foi um milagre. Eu tenho muito a agradecer, primeiramente a Deus, por tudo que foi me proporcionado por Ele em 2012. Perdi um dos meninos, mas em compensação ganhei a Vera como amiga, que foi muito solidária", falou emocionada.
Vera Lima assistiu ao pedido de ajuda pela TV e imediatamente ligou para o marido para saber se podiam acolher Elza e a família na casa dela. "Fiquei sensibilizada com a história e me senti no lugar deles, pois poderia ser eu precisando de ajuda e alguém para me acolher", disse ela.
Desde então, as duas famílias mantiveram o vínculo. Vera contou que todo mês ela ou a Elza ligam uma para a outra para contar como os meninos estão. Recentemente, Vera foi até Araguari, pela primeira vez, para ver de perto os meninos e também poder abraçar a mais nova amiga.
No período que ficaram hospedados, Vera aproveitou para dar conselhos e evangelizar a família. “Pretendo visitá-los com mais frequência. Eles são tudo de bom e sempre coloco aquela família em minhas orações. O que passaram foi um milagre de Deus. Dificilmente duas crianças nascidas no 6º mês sobrevivem e ficam saudáveis. Sempre peço para que eles sigam esse caminho de fé”
Vera afirmou, ainda, que tentou dar a contribuição dela o máximo possível e disse que até Lúcia de Fátima Brito Pereira, avó das crianças, optou por mudanças. "Ela fumava muito e eu dizia que se ela continuasse nesse ritmo não veria os netos crescerem. Fui lá no mês passado e ela disse 'Verinha, parei de fumar'", finalizou a dona de casa. Por Caroline Aleixo / G1
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