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terça-feira, março 05, 2013

Uma carta para minha irmã gêmea ...

(Ilustração de Celso Mathias)

"Antes de nascermos, nossa mãe havia concebidos 3 bebês natimortos. Crianças gêmeas e idênticas, estávamos unidas por uma infância muito infeliz, marcada por triste período escolar e violência doméstica. As férias eram nosso maior receio, pois nossos pais brigavam o tempo todo. Mas, tínhamos uma a outra.

Mais tarde, saímos para estudar em universidades de diferentes cidades, mas mantivemos um contato estreito – apesar da nossa vida ocupada, independente e típica para os vinte e poucos anos longe de casa. Casamos e tivemos filhos – você antes de mim. Buscamos sucesso profissional, embora nós duas continuamos lutando no malabarismo entre a maternidade e a carreira.

É muito triste estarmos longe uma da outra. Eu sei que isso incomoda muito mais a mim do que a você. Eu sempre sonhei em ter uma relação de amizade mais íntima com você. Eu queria fazer muitas coisas junto com você e ter uma relação baseada na confiança, compreensão e apoio incondicional. No entanto, isto parece impossível.

Você reprovou minhas escolhas. Você se afastou, se dedicando à maternidade por alguns anos, enquanto eu ainda esperava para ser mãe. Eu não posso julgá-la, mas infelizmente nossa amizade foi quebrada. Apesar disso, eu acho que seus filhos são crianças muito abençoadas, pois você é uma mãe fantástica. Eu sei que você inveja meu trabalho, minha vida social e até mesmo minha aparência. Acredito que estas coisas são muito mais difíceis de suportar quando se é gêmeo. Eu não me importo com as nossas diferenças - embora, na verdade, somos mais semelhantes do que você pensa.

Eu sei que meu lado emocional te irrita. Você sente desconforto quando falo sobre meus sentimentos, mas minha intenção não é te provocar. Sei que não deveria me preocupar tanto com o nosso relacionamento. Mas, sou insegura nesse ponto. Não sou perfeita. Adoraria se pudéssemos discutir nossa relação abertamente, para melhorar nossa convivência familiar, se possível. Às vezes eu acho que deveria desistir, mas tenho medo de perder completamente o contato – porque nossos filhos tem uma amizade muito forte. Continuo tentando por eles, por causa deles.

Quando digo às pessoas que eu tenho uma irmã gêmea idêntica, todos dizem o quanto sou sortuda e como é bom ter uma irmã tão próxima. Então, sinto uma dor no coração, porque nossa relação, de fato, é quase inexistente. Por mais de 50 anos, eu nunca fui capaz de dizer que te amo, por medo que você fosse achar piegas. Mas, você é minha única irmã. É tarde demais para desenvolver uma amizade? Com carinho, sua gêmea"  
(Autora não identificada / Fonte: The Guardian)

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